Notícia na guerra só convence nação indulgente e que finge indignação
João Costa |
João
Costa*
Eis uma manchete que
demonstra como o jornalismo de guerra que se pratica no país só convence a uma
Nação indulgente; cidadãos crédulos que fingem “indignação” diante do país que
sempre fomos. Foi uma capa magistral do ponto de vista de como consolidar uma
mentira em meio meias verdades. Desde os anos 1950 que este tipo de manipulação
da notícia é usada pelos barões Marinho
– não seria num momento com este que a verdade iria ou vai prevalecer.
A vida ensina que nada que alguém diz antes do
“mas” realmente conta. De tal sorte o argumento moral no Brasil de hoje vem depois
do “mas” porque virou “pós-verdade”, não
importa se antes vem o direito, a presunção de inocência ou mesmo a verdade
factual.
Alguém acredita
mesmo na indignação popular diante da corrupção e das imagens das malas de
dinheiro atribuídas ao ex-ministro Geddel Vieira, que até bem pouco tempo era
festejado nas ruas?
Impressiona como a
demonização daquilo que nos contradiz cresce, porque ninguém, nem a Nação - que
perde a cada dia seu protagonismo, vai reagir porque ela mesma não está
indignada com nada – sabemos agora que somos o que somos. A indignação é fajuta,
repetindo.
Ninguém vai às ruas só para dizer
não, sem que haja a possibilidade de mudanças, que necessariamente não passe
por eleições diretas em 2018. O voto, em 2018, será a consagração do engodo. O
golpe engendrado em 2013, viabilizado em 2016 e consagrado agora com a
consolidação dos vencedores, que seguem no governo de lesa-pátria, impunes e
lastreados pelas instituições de estado e em estado comatoso.
O ex-presidente Luís Inácio Lula,
teria amplas condições de voltar a ser o timoneiro para o enfrentamento da onda
fascista que toma conta do país, mas vai acabar perdendo esta condição
exatamente pelo seu discurso defensivo, evasivo e conciliador.
O ex-presidente Lula afirmou
recentemente, a interlocutores que manterá sua agenda de viagens pelo País, a
despeito do depoimento do ex-ministro Antonio Palocci, no qual acusou Lula de
ter feito um "pacto de sangue" com a Odebrecht.
Uma bela frase de efeito para quem está
preso e que é capaz de qualquer coisa em troca de facilidades.
“Obter benefício é minha vontade”, disse
o ex-ministro, certamente numa mensagem cifrada
de como “na tortura toda carne se trai”, cuja letra de Zé Ramalho é
forte e explícita.
O depoimento de Palocci fala antes de
tudo dele mesmo, preso para delatar: um traidor. A sua traição não significa
que os fatos que narra sejam verdadeiros, ele é traidor porque, para salvar-se
vale qualquer coisa. E a salvação
justifica tudo. É o sonho de milhões desde os evangelistas.
De outro lado, a ministra do Supremo
Tribunal veio até a boca de cena para recitar um inverossímil monólogo.
“Agride-se, de maneira inédita na história do país, a dignidade institucional
deste Supremo Tribunal Federal e a honorabilidade de seus integrantes”. Para
logo em seguida determinar uma investigação, que todos sabem como terminará.
E Lula não é um credo, mas o
anti-lulismo sim. O ex-presidente virou refém do Judiciário, o mesmo que
precisa jurar “honorabilidade”. Então, tá.
*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de
estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política
do Paraíba.com.br
Notícia na guerra só convence nação indulgente e que finge indignação
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/08/2017 07:26:00 AM
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