O fim da mística da camisa auriverde pendão da corrupção e da dissimulação geral
João Costa |
João
Costa*
As manifestações que tomaram o Brasil de
2013 a 2016 e que derrubaram o governo legítimo do país foram visivelmente
convocadas e potencializadas pela Rede Globo e o efeito manada que emergiu nas
ruas vestia a camisa da Confederação Brasileira de Futebol, em razão da mística
que a Seleção Canarina sempre provocou no imaginário popular; agora, em 2017,
que esta mesma TV Globo acusada de corrupta por também pagar propina e os dirigentes
da CBF estão presos pelo mesmo motivo, esta mesma camisa deverá simbolizar o
pendão da desfaçatez.
Dizia Castro Alves, em “Navio Negreiro,
Tragédia no Mar” versos assim:
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança
Este
poema, na verdade, começa tratando de infâmia e covardia que se abatia sobre o
povo, que mesmo liberto em 1888, aceita voltar à escravidão neste século XXI. E
que bandeira é esta?
Existe um povo que a bandeira empresta
Pr'a cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira ?esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio!... Musa! chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...
O Brasil é pródigo em maldições. Um ano
após o golpe, o principal âncora dos telejornais da TV Globo, jornalista
William Waak, caiu em desgraça e não volta mais às telas platinadas devido ao
vômito racista involuntário; seus patrões não podem viajar confortavelmente ao
exterior sob o risco de serem surpreendidos por agentes da Interpol e FBI que
investigam corrupção na FIFA e lavagem de dinheiro.
O
Supremo Tribunal Federal que se apequenou - ou se revelou do seu real tamanho -
em relação ao Congresso traduz o país que segue governado por uma organização
criminosa, segundo definição do Ministério Público Federal; este mesmo MPF tão
eficiente em devassar a vida do ex-presidente Lula, mas que parece fechar os
olhos às denúncias de corrupção na Globo.
Não se pode negar à Globo expertise para decodificar – quando quer – em
suas novelas e programas, sentimentos populares, nuances da nossa cultura,
traços da sociedade e tudo o mais. Mas também é verdade que a Globo sabe se
apropriar desses sentimentos e usá-los em proveito próprio ou como poder de
destruição de seus inimigos – ainda que seja o próprio povo pois conivente com
a malta que destrói o país e a soberania do que restou dela.
Seus âncoras vão precisar exercitar em
grau máximo de cinismo ao usarem palavras como “propina”, “corrupção”, se ela
mesma, ainda que blindada e fora do alcance da longa manu da justiça
brasileira, é acusada de recorrer a tais expedientes.
Mas é preciso dar a Globo o direito de
defesa e a presunção de inocência – exatamente o que ela não faz em se tratando
dos outros. A justiça brasileira certamente tem coisas mais importantes a fazer
– ou certamente a Globo não vem ao caso.
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
O fim da mística da camisa auriverde pendão da corrupção e da dissimulação geral
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/19/2017 08:37:00 AM
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