Opinião: trabalhadores são como almas aflitas diante do estouro da boiada
João Costa |
João Costa*
De um
economista, de cepa capitalista, sobre o colosso da nossa economia atual. “A
proteção aos controladores da riqueza líquida não estimulou a criação de
riqueza nova”. Acho que ele quis dizer que o Brasil erra em dar proteção aos
rentistas, pois riqueza nova certamente vem do trabalho e não da especulação ou
da renda. Talvez seja por isso que o Henrique Meireles, que já foi presidente
do Banco Central e é o atual ministro da Fazenda aplique o rico dinheirinho dele em paraísos
fiscais.
Talvez a
razão seja porque o poderosos formulador da política econômica do governo que
se instalou após o golpe de 2016, não acredite no sistema financeiro do país; Os
bancos desconfiam de calote ou muitos desses financistas estejam (para usar o
economês)sem liquidez?
E a
realidade da vida, da economia do país, não correspondem às celebrações da
manchetes que animam a vastidão de beócios, crédulos e lançadores de incenso ao
tal deus mercado; de tal modo que nós, brasileiros, somos hoje como almas
aflitas em manada desgarrada.
Almas ainda
não aflitas dos trabalhadores que botam fé no discurso de que a reforma
trabalhista, que entra em vigor esta semana, vai gerar aquilo que mais falta: empregos.
Alguém lá
no fundo da fila do desemprego pode apenas murmurar “segue o enterro”, tem
alças para segurar para todos, como um slogan governamental.
A economia, a frágil democracia, o esboço de
soberania, a autoestima nacional, tudo está dentro do caixão, pronto para
descer seus sete palmos merecidos ou prometidos. Não é mais rocha; é castelo de
areia dos que ficaram em casa enquanto uns poucos lutavam
Se não
partilham da luta, vão compartilhar a derrota, já sentenciava Brecht.
“Tudo que é sólido se desmancha no ar” é
uma citação enxertada no velho Manifesto Comunista que atravessou o século XX,
palco de tudo que ficou sólido e se desmanchou na entrada do século XXI. Desde
o 11 de setembro na geopolítica, ao fim da democracia e do estado de direito que
vivenciamos.
Esse mesmo economista do início deste artigo,
ao analisar o quadro e compará-lo ao estouro da boiada, recorreu a Euclides da
Cunha, pescando frases bem moduladas que bem calham na realidade do povo: "de súbito, num estremeção repentino,
aqueles centenares de dorsos luzidios destroem-se em minutos, abatem-se ou
esvaziam-se deixando-os os habitantes espavoridos. Milhares de corpos que são
um corpo único, monstruoso, informe, indescritível, de animal fantástico,
precipitado na carreira doida”.
Tal imagem
pode traduzir o efeito ou estouro da manada; a caminhada do País para o futuro
próximo, onde chagará menor daquilo que sempre foi, mas num contexto de guerra
a ser despoletada em breve, sabendo que não teremos café, nem cana-de-açúcar,
muito menos ferro para oferecer em exportações às nações que vão se destruir,
porque nós mesmos cuidamos da nossa autofagia – já temos nossa guerra civil com
61 mortos ao ano e não precisamos de nenhuma Coreia ou Síria para ver que o
sangue já escorre pela calçada.
*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro,
além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de
Política do Paraíba.com.br
Opinião: trabalhadores são como almas aflitas diante do estouro da boiada
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/10/2017 05:30:00 PM
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