O Rio Doce
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
As águas límpidas do Rio Doce sempre
levaram vida e sublimes encantos ao olhos dos homens, pois a cada amanhecer a
mata acordava com a sinfonia dos pássaros e sob a energia dos raios solares,
que rasgando a madruga iluminava os céus, conduzindo pescadores em busca de
peixes, gado mugindo esperando ser levado ao pasto, enquanto a correnteza das
águas percorriam vales e serras até seu encontro com o oceano.
Mas em 2015 o rompimento da barragem de
Samarco, no Município de Mariana, Minas Gerais, transformou a beleza em
tristeza. A lama tóxica da inconsequência, naquela oportunidade, desceu
engolindo homens, animais, peixes, fauna e flora. A barrenta e assassina água
percorreu mais de oitocentos quilômetros, de Mariana até a foz do rio em
Linhares-ES, despejando no mar toda a impureza provocada pelo homem.
Passado todo esse tempo, nada de
concreto foi feito para a recomposição dos estragos causados na natureza e na
vida dos cidadãos que perderam seus familiares, casas, animais e seus sonhos.
Das matérias jornalísticas sobre o fato, se observa que há uma mão dupla nisso
tudo. Com a tragédia, as vítimas receberam apoio de todo o país e até mesmo do
exterior no tocante ao fornecimento de roupas, água, medicamentos e acomodações
provisórias, numa demonstração de que ainda existe solidariedade.
De outro lado, as medidas que dependem
do poder público e da própria empresa Samarco ainda andam em passos de
tartarugas. Desnorteada a população atingida vive entregue a própria sorte.
Lamentavelmente no Brasil é assim, descaso e inconsequência predominam em
assuntos desse porte. É preciso ações efetivas para iniciar a recomposição não
só da biodiversidade aquática, mas de todos os aspectos afetados. Cadê vocês
autoridades competentes?
*Escritor
pombalense e Juiz de Direito em João Pessoa – PB
onaldorqueiroga@gmail.com
O Rio Doce
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/10/2017 05:02:00 PM
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