“Monsenhor Vicente Freitas, um sacerdote inesquecível” (*)
José Antonio Albuquerque |
José
Antonio Albuquerque*
Fazendo uma pesquisa sobre a vida de um
dos mais queridos filhos de Cajazeiras, meu estimado e saudoso amigo Monsenhor
Vicente Freitas, encontrei no meio de centenas de documentos uma crônica de
José Romero Araújo Cardoso, Mestre na Universidade Estadual do Rio Grande do
Norte, cidadão que figura na Galeria dos Ilustres e Honrados filhos de Pombal,
escrita em 14 de junho de 2009. Pelo valor deste documento, tomo a liberdade de
republicar, neste canto de página, para que os admiradores e fãs deste grande educador
cajazeirense conheçam este belo depoimento sobre a passagem de Monsenhor
Vicente pela cidade de Pombal. Eis a crônica:
“Não cheguei a conhecer Monsenhor
Vicente Freitas, nobre cajazeirense nascido no dia dois de março de 1914.
Infelizmente a única vez que o vi foi na matriz de Nossa do Bom Sucesso, em
Pombal, inerte em urna funerária, quando da passagem do seu corpo para
Cajazeiras, onde foi velado e enterrado na capela interna de Nossa Senhora do
Perpétuo do Socorro, edificada ao lado esquerdo da nave central da Catedral de
Nossa Senhora da Piedade.
Lembro-me da notícia do seu falecimento,
transmitida por telefone, diretamente de João Pessoa, pela voz triste e pausada
de Ignácio Tavares de Araújo. Benigna Lourdes de Sousa, devotada zeladora do
Sagrado Coração de Jesus, recebeu inconsolável e com tristeza a informação do
trágico acidente automobilístico ocorrido no dia seis de março de 1982 na
Avenida Epitácio Pessoa. Ela se responsabilizou em avisar à infinita legião de
admiradores do saudoso vigário em Pombal a infausta notícia do absurdo e
injustificável falecimento do Monsenhor Vicente Freitas, cuja história na terra
de Maringá foi marcada pelo brilhantismo na expressão literal do termo, assim
como em outros municípios nos quais desenvolveu trabalhos diversos, dos
sacerdotais aos educacionais, passando pelos administrativos e culturais.
Reverencio a memória do Monsenhor
Vicente Freitas, não obstante não ter convivido com ele, devido à intensa
pregação efetivada por minha saudosa avó, na qual destacava o humanismo que
embasava as práticas do marcante sacerdote cajazeirense que deixou marcas
indeléveis em Pombal.
Monsenhor Vicente Freitas trabalhou em
Pombal durante cinco anos, de 1945 a 1950, exercendo ofício sacerdotal e
administrando o Colégio Diocesano, oportunidade em que a população pobre da
velha terra de Maringá passou a dever-lhe favores imensos. Monsenhor Vicente
Freitas conforme Benigna Lourdes de Sousa assistia e confortava,
espiritualmente e materialmente, àqueles que o procurava intuindo melhores
condições de vida através da educação.
Sua fé inquebrantável transformou-o em
discípulo da paz e do amor, da concórdia e do bem comum, pois levou aos lares
humildes pombalenses muitas esperanças, muita paz e promessas, inúmeras
concretizadas, de mais alegria aos lares sertanejos.
Compareci naquele fatídico dia sete de
março de 1982 à igreja matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Pombal, para
também prestar última homenagem ao grande condutor de rebanhos do sertão
paraibano. Vi homens, mulheres e velhos chorar copiosamente perto do esquife
que acomodava o corpo do Monsenhor Vicente Freitas, Vi pessoas humildes se
despedindo do grande benfeitor sertanejo, vi choros compulsivos e incontidos,
soluços de dor pela perda do grande sacerdote cajazeirense.
Ouvi súplicas e rogos a Deus para
acolher a alma do Monsenhor Vicente Freitas, bem como ouvi desabafos
emocionados daqueles que tanto ajudou em sua belíssima passagem na terra. Ouvi
perguntas e mais perguntas sobre a razão da violência que casou sua morte repentina.
Ouvi lamentos tristes, lágrimas que rolaram e impregnaram de tristeza toda
matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, toda cidade de Pombal, todo sertão que
tanto deve ao piedoso sacerdote nascido na terra do Padre Rolim, terra heróica
que enxerga educação e cultura como prioridades, apesar dos pesares, apesar dos
percalços. Ouvi os lamentos de tristeza, de angústia e de dor, nunca hei de
esquecer àquelas cenas tétricas e angustiantes demonstradas pelo povo sertanejo
que se acotovelava para dar o último adeus ao Monsenhor Vicente Freitas.
Monsenhor Vicente Freitas,
extraordinária figura humana, nunca esqueci das palavras emocionadas de Benigna
Lourdes de Sousa. Eis aqui singela homenagem de um admirador que sempre o
carrega no coração e na mente, pois eras pessoa digna e honrada em toda
dimensão que acompanha os grandes homens à eternidade". (*)
(*)
José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor e Professor/Mestre Adjunto IV da
UERN.
*José
Antonio Albuquerque – Professor e Diretor do Sistema de Comunicação Alto
Piranhas de Cajazeiras.
“Monsenhor Vicente Freitas, um sacerdote inesquecível” (*)
Reviewed by Clemildo Brunet
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12/01/2017 06:00:00 PM
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