Gente das Ruas de Pombal: Década de 1950 AFONSO MOUTA: Um homem a frente do seu tempo
Jerdivan Nóbrega de Araújo |
Jerdivan
Nóbrega de Araujo*
Afonso Coelho Mouta foi um desses homens
que vêem oportunidade tanto na adversidade como na necessidade. Nascido no dia
12 de agosto de 1916, na a cidade de Massapê, Estado do Ceará. Era o segundo de
uma prole dos oito filhos de Miguel Coelho Mouta e Maria do Carmo Coelho Mouta.
Os outros irmãos eram: Raimunda, Francisco, Maria Geralda, Francisco de Chagas,
Firmo, Maria do Socorro e Antônio..
Seu Afonso chegou à Paraíba em 1935,
para fixar residência, passando a fazer parte dos quadros de funcionários do E.F.O.C.
S atual DNOCS na cidade de Coremas, prestando seus serviços na construção da
Barragem Mãe D'Água.
Casou-se no dia sete de setembro, do ano
de 1940 com dona Clemilde, fato ocorrido na cidade de S. José de Lagoa Tapada.
Perdeu o emprego do DNOCS, no ano de
1946, quando veio morar em Pombal, a convite de seu cunhado Chiquinho Formiga,
o qual ofereceu a sociedade de um “Bar” que havia comprado ao comerciante Pedro
Junqueira, localizado à rua Ten. Aurélio Cavalcanti, entre a Farmácia Central e
a Movelaria Moderna. Fixou residência com a família à rua Cel. João Leite,
antiga Rua do Comércio.
Homem de personalidade marcante foi pai
de seis filhos: José Cleonso, Galdino, Geraldo Achile, Maria Afonsilde, Maria
Gorete e Maria Clemilde
Em 1951, ainda em sociedade comercial
mantida com o cunhado, mudou seus negócios para um prédio onde funcionava as
“Casas Bandeiras” comprando uma máquina de fazer sorvete e picolés, passando a
ser conhecido pelo apelido de “Joaquim do Picolé”. Foi esta a primeira
sorveteria existente na cidade de Pombal
Empreendedor e ativo desfez a sociedade
e passou a trabalhar por conta própria, continuando com a sorveteria após
adquirir uma nova sorveteria e uma fábrica de gelo.
No período do “Bar Sorveteria” ele
transportava o “Bar” para um pequeno clube que funcionava no terreno da Brasil
Oiticica onde as festas eram realizadas sendo animado pelo Conjunto regido pelo
exímio maestro Manoel de Donária.
Os carnavais se faziam em sua própria
Sorveteria, pois não havia energia elétrica na cidade, mas seu Afonso Mouta
havia adquirido um Motor com Gerador, fornecendo para diversas casas
residenciais de amigos. Foi o primeiro fornecedor de Energia elétrica da cidade
de Pombal.
Também foi a primeira residência em
Pombal a ser instalada uma linha telefônica, que antes só havia na Brasil
Oiticica e na prefeitura.
Afonso Mouta acreditava que as suas
atividades se desdobravam para subsistência da família, progresso e bem comum
de Pombal que considerava seu torrão natal.
Em 1953 alugou outro prédio, o antigo
Hotel de Chico Claro, onde permaneceu até 1954 quando vendeu a Sorveteria, a
“Pedão”, que passou apenas três meses sob administração do novo dono.
Em 1954 Afonso Mouta compra uma
tipografia que recebeu o nome de “Bom Sucesso” e readquiriu a já citada Sorveteria,
a qual ficou até o ano de 1956 quando vendeu para comprar o Cinema ao seu
cunhado Chiquinho Formiga, juntamente com as máquinas cinematográficas de
16mms..
Em 1958 resolveu ampliar o “Cine Lux”
conseguindo colocar pela primeira vez, Cinemascope em Pombal, que também foi à
primeira tela "Cinemascope" em um cinema do interior nordestino
Mereceu aplausos por parte da população,
ao tornar realidade este sonho que o fez inaugurar em 19 de dezembro de 1958
com o filme “O Cavaleiro da Távola Redonda” cujo fabuloso elenco era
constituído de: Roberto Taylor e Ava Garder.
A sociedade pombalense compareceu em
massa a esta exibição cinematográfica, tendo recebido convite especial enviado
pelo dinâmico proprietário numa demonstração de “marketing” já quando sequer se
sabia o que era isto na região.
O Cine Lux também funcionava como casa
de show, trazendo artistas de renome da época como Luiz Gonzaga e Nelson
Gonçalves. Entre outros.
O seu empreendedorismo de Afonso Mouta
foi reconhecido pelo povo de Pombal, sendo-lhes conferido o Título de Cidadão
Pombalense, conforme Projeto de Resolução nº4/62, datado de 25/12/62, de
autoria do Vereador José Nicácio Amorim o conhecido Zuza.
Aprovado em votação pelos vereadores:
José Nicácio Amorim
Valdomiro Bandeira de Sousa
Francisco Fernandes de Almeida
Pedro de Castro Formiga
Pacífico Medeiros, tendo como
presidente: José Benigno de Sousa – Lelé.
A segunda votação pelos mesmos
vereadores aconteceu em 28/12/62.
Promulgada pelo mesmo presidente Lelé,
transformada em Lei no dia 04/01/63 ficando Alfonso Coelho Mouta filho da
secular cidade de Pombal.
A frente do seu tempo que vivia, Seu
Afonso era o único dono de Cinema do sertão da Paraíba a receber as “latas” de
filmes através de um raro avião, de propriedade da Sanbra, que pousava no Campo
de Aviação da Brasil Oiticica e foi este avião que lhe tirou a vida.
Seu a Afonso Mouta faleceu vítima de
acidente numa manhã de 07 de fevereiro de 1964, vitima das hélices do um avião
da Brasil Oiticica que, movimentando-se para decolar, o atingiu mortalmente,
abreviando a vida deste grande empreendedor da nossa cidade.
Ele chegou a ser socorrido às pressas
para o Hospital “Sinhá Carneiro” onde foi submetido a uma cirurgia feita pelo
médico Dr. Avelino Elias de Queiroga, não resistindo aos ferimentos, falecendo
no dia 08 de fevereiro de 1964.
A cidade de Pombal se comoveu com a
prematura morte do Empresário e Pioneiro Afonso Mouta, fundador da primeira
sorveteria, primeira fábrica de gelo, do primeiro cinemascope no sertão,
primeiro fornecedor de energia elétrica, primeira residência com eletricidade e
linha telefônica.
No ano de 1995, a Câmara dos Vereadores
de Pombal, através do vereador Francisco Roque Arruda, Fã Arruda, denominou
umas das ruas de Pombal com o nome deste grande empreendedor a frente do seu
tempo.
*Escritor e
pesquisador da nossa história
Gente das Ruas de Pombal: Década de 1950 AFONSO MOUTA: Um homem a frente do seu tempo
Reviewed by Clemildo Brunet
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1/08/2018 06:21:00 PM
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