Instaurado estado de exceção, Brasil faz opção por caminho sem volta em busca de destino nada exitoso
João Costa |
João
Costa*
Até o mundo mineral sabe que o estado de
direito no Brasil se rompeu com o golpe parlamentar concluído em 31 de agosto
de 2016; que essa intervenção militar no Rio de Janeiro segue um roteiro que
desemboca num caminho sem volta e levará o país a um resultado em que todos
perdem; maximizando a lição de que , se nunca deu certo um dia, não será a
direita ou a mão da caserna que levará a Nação a um futuro exitoso. São os
“Idos de Março” que se prenunciam longevo.
A ação das Forças Aramadas do Rio surge
respaldada por aprovação massiva na Câmara; num sentimento de desesperança do
povo carioca desiludido com uma situação de desgoverno, corrupção generalizada,
convivência salutar entre miseráveis e muito ricos além do avanço de desemprego
atroz; mas na sequência de um golpe parlamentar e da instalação no Palácio do
Planalto de um presidente denunciado três vezes por corrupção, obstrução da
justiça e formação de quadrilha. Um quadro surreal.
Gosto de recorrer à máxima de que há
três maneiras de se resolver uma crise institucional em repúblicas como a
brasileira, agora reduzida a republiqueta: da forma correta, do jeito errado,
ou à maneira do Exército.
Esta terceira opção é a que se instaura
inicialmente no Rio com perspectiva de ampliação para outros estados, trazendo de volta as Forças Aramadas como
protagonista da política e de suas disputas e consequências, cujos atores são
Temer e seu (P)MDB, Aécio e o PSDB inimputável; Lula demonizado, claramente
perseguido e os partidos de esquerda; com a Nação movida ao ódio disseminado
pela classe média, e pelo ressentimento do povo que se mostra o único derrotado
porque direitos adquiridos se esvaem por conta da crise.
Aqueles que podem se protegem: Os
magistrados se protegem numa redoma de privilégios e agem como parlamentares;
os muito ricos salvaguardam fortunas legais ou não no exterior; a classe média
pensa que vive em Miami, trabalhadores perdem seus postos, os miseráveis ocupam
calçadas e os bandidos saqueiam bancos na mesma proporção em que rentistas e
banqueiros se resguardam.
Analistas com acesso à caserna, avaliam
que os chefes das Forças Armadas têm visões distintas do emprego direto dos
seus efetivos no combate ao crime. É desvio de função em que o Exército deixa
de ser solução para fazer parte do problema, e avalizam este enredo do caminho
sem volta. O êxito no Rio sinaliza no fortalecimento políticos dos militares;
malsucedidos, o descrédito é inevitável. Em qualquer cenário, a derrota é da
democracia.
Por outro lado, causa surpresa saber que
os militares concordam com a agenda neoliberal em curso pelos condutores do
golpe, mesmo que isso custe a perda de protagonismo internacional que o país
exercia e volte à condição de uma Nação quintal dos interesses dos EUA.
Resta saber se os militares estão
convictos do risco de serem utilizados politicamente pelos barões de mídia
patrocinadores do jornalismo de esgoto em voga e condutores da pauta do
Judiciário, do governo, do Congresso e da manipulação da opinião pública. As
Forças Armadas são depositárias da confiança e credibilidade como instituição.
É um capital importante para ser desperdiçado como garantidor desse retrocesso
proposto e conduzido pelas elites – agente
longa manus de sabe-se lá quem.
E o Judiciário nesta conjuntura? Vai
seguir avalizando a ruptura do estado de direito, ainda que não consiga
disfarçar seu partidarismo; da primeira à última instância, com a soberba comum
às castas privilegiadas em detrimento do crescente empobrecimento daqueles que
já são pobres. Ainda não acabou!
*João Costa é
Radialista, Jornalista e Diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Instaurado estado de exceção, Brasil faz opção por caminho sem volta em busca de destino nada exitoso
Reviewed by Clemildo Brunet
on
3/01/2018 10:55:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário