Marielle Franco: mídia naturalizou o ódio fazendo crer que todas as vítimas de violência são iguais
João Costa |
João
Costa*
O assassinato da vereadora Marielle Franco
(PSoL) mostra que o fundo do poço de intolerância e ódio plantados, disseminados
e buscados com furou pela mídia nativa é ainda mais fundo e não se chegou nele,
em função da catarata de verbalizações fascistas, incluindo até figuras de
destaque do Judiciário nas redes sociais; todas as vítimas de violência não são
iguais, como acreditam alguns, esquecendo que esta mesma mídia naturalizou o
ódio no país.
“Existe, hoje, no Brasil, uma excessiva
compreensão com direitos”. Esta expressão integra o discurso das
autoridades que comandam a Intervenção Militar no Rio, o que “justificaria”
mandados de busca coletivos, evidentemente em comunidades pobres; não nos
bairros de luxo do Rio, destino certo e lucrativo das drogas. Além do pedido de
expansão da intervenção para outros estados, pleiteada por políticos do PSDB –
a Paraíba inclusa.
Foi
um assassinato político, um marco divisor na crise que levou ao golpe de estado
contra a Dilma e segue em expansão. O golpe, perpetrado pelas próprias
instituições de estado, buscou legitimidade na narrativa avassaladora da TV
Globo.
Esta, capitã dos demais conglomerados, a ponto
de pautar e influenciar decisões do STF tentou “higienizar” os assassinatos da
vereadora e do seu motorista Anderson, despolitizando-os, agora tenta assumir a
narrativa em busca de esclarecimentos dos autores do crime.
Tem
uma explicação. A narrativa da mídia nativa está limitada e sua repercussão só
vai até os telespectadores do Jornal Nacional e de dos leitores da Revista
Veja.
Marielle
era ativista dos direitos da humanos, afrodescendente, lésbica,
profissionalmente exitosa, pois ascendeu economicamente e politicamente, embora
nascida, criada e moradora da famosa “Favela da Maré” – um resultado
“habitacional” do Regime Militar, construída com restos de materiais de
construção e por trabalhadores da Ponte Rio-Niterói.
Uma
negra de sucesso, com Mestrado, detentora de mandato e uma liderança feminista,
algo inaceitável pela chamada “Casa Grande”.
A
repercussão internacional do seu trucidamento, especialmente na Europa, decorre
desse histórico de sucesso; de uma mulher negra, emponderada num país primitivo
como o brasil.
Para
aqueles que achavam que derrubar a Dilma, criminalizar apenas o PT, prender
Lula e tirá-lo da sucessão resolveria todos as demandas da direita que controla
o atual aparelho de estado no país, acalmando conservadores, liberais e
democratas seletivos ainda não acabou – o que vai justificar o aprofundamento
do estado de exceção, provavelmente até com suspensão das eleições de outubro,
caso o país entre em ebulição.
Para
as esquerdas, movimentos populares e democratas sinceros, este duplo
assassinato serve de aviso. Todos aqueles que seguirem em exposição
contestatória, sintam-se ameaçados, e na mira - das milícias fascistas que já
são visíveis até em cidades do interior do país, e até mesmo dos organismos de
estado, exatamente aqueles que atuaram como longa manus para execução do golpe
e do desmanche da soberania nacional.
*João Costa é Radialista, Jornalista e Diretor de teatro,
além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de
Política do Paraíba.com.br
Marielle Franco: mídia naturalizou o ódio fazendo crer que todas as vítimas de violência são iguais
Reviewed by Clemildo Brunet
on
3/18/2018 08:35:00 AM
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