Brasil sob escombros se prepara para duvidosas eleições
João Costa |
João
Costa*
Num país em escombros sob todos os
pontos de vista como o Brasil, não há democracia para um povo confinado a uma
Senzala social e econômica – que até parece gostar disso, mas ainda assim
anuncia-se eleições para outubro que se prenunciam nada democráticas, ou
democraticamente enviesada. A nossa História ensina que a Casa Grande sempre/faz
concessões; permitir democracia, só ciclicamente, uma vez que conciliações
precedem e contornam rupturas.
Disputadas eleitorais têm a ver com
conceitos, discussões de ideias, mas vivemos um momento assustador de demência
coletiva e subversão de conceitos. O tecido social é uma colcha de retalhos mal
alinhavada.
Se, em países civilizados e
democráticos, a classe média forma a maioria da população, no Brasil tornou-se
composta por uma casta difusa de profissionais liberais. O segmento
lumpenproletariado tornou-se praticamente maioria e demente; sem instrução,
politicamente estúpido e manipulado
A realidade econômica para a maioria da população
indica a dura realidade em que o custo de um botijão de gás representa 40% da
renda da famílias, apenas para citar um indicador. Se há três anos não era
assim, qual a explicação para tamanha tolerância agora?
Quantos famílias, amigos ou conhecidos vivem
atualmente a seguinte quadra: pegar empréstimo com bancos, a família ou amigos,
substituir o fogão por fogareiro elétrico, usar lenha ou álcool para cozinhar,
deixar de fazer refeições em casa e passar a comer em restaurantes populares? Eis
a nova rotina e malabarismos que as famílias mais pobres do Brasil estão
fazendo para lidar com a nova realidade.
Se há três ou quatro anos o nível de renda no país
apontava melhorias, o que temos hoje é precarização nas relações de trabalho e
queda brutal na renda incrivelmente aceitos a ponto de estancar a mobilidade
social pra cima do topo da pirâmide – e o dito elevador social quebrou.
. Há bem
pouco tempo, acreditávamos na mobilidade social e estudos sociológicos atuais indicam
que a chance de uma criança de baixa renda de ter um
futuro melhor que a realidade em que nasceu está, em maior ou menor grau,
relacionada à escolaridade e ao nível de renda de seus pais, logo o futuro do país desenha-se sombrio
talvez sem dores pois o passado é o nosso futuro.
Algo como
se nunca deu certo um dia, porque haveria de dar certo agora ou no futuro?
Leio um dado curioso: o Brasil tem 6, 9 milhões em
contrapartida a 6 milhões de imóveis vazios, e ainda assim, o governo que se
instaurou pós o golpe de 2016 propositadamente aniquila um programa como o
“Minha Casa Minha Vida” impunimente.
Pior, a sociedade passou a demonizar as “invasões”
de terrenos urbanos vazios e destinados à especulação. Se não dar pra comprar
botijão de gás, muito menos pagar aluguel. E
a hipoteca da casa própria virou pesadelo para milhares de famílias.
A elite, no sentido pejorativo dessa palavra, vai
bem, obrigado. Esta elite tem abissais serpentes no Executivo e Judiciário com
altos salários, mais ainda assim agraciados com auxilio-moradia; e no comando
político de estados e municípios;
Os novos ricos já nasceram ricos por conta da
fortuna das famílias e em decorrência do direito de herança; estes mesmos são
os que exigem meritocracia para os demais.
Voltemos às eleições. No caso da Paraíba, é exemplo
clássico de consanguinidade no controle da política que virou regra. Comecei
este artigo pensando em abordar como tema as eleições. Mas como ainda não
acredito que elas se realizem, pois estamos à espera de outro terremoto mais
avassalador que a greve dos
caminhoneiros. E se elas ocorreram, não serão democráticas – pois para isso
precisaríamos viver em estado de direito, mas o estado é de exceção e de
demência coletiva.
*João Costa é Radialista, Jornalista e Diretor
de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é
repórter de Política do Paraíba.com.br
Brasil sob escombros se prepara para duvidosas eleições
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/17/2018 06:21:00 AM
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