Lembrando ao Mon général os imprescindíveis “preguiçosos” e “indolentes”; mas jamais vira-latas
João Costa |
João
Costa*
Em palestra para maçons e em entrevista recente
para mídia nativa o general Hamilton Morão, candidato a vice-presidente da República,
disse que o “cadinho cultural” do Brasil inclui a “indolência” dos povos
indígenas e a “malandragem” dos negros africanos; entretanto, lembrando ao “mon
general” que se o Brasil preservasse a malandragem de negros como Henrique
Dias, João Cândido ou a indolência de índios como Felipe Camarão não seria um
país reduzido hoje à condição de vira-lata.
General, o país anda meio esquecido, seu povo em estado de
demência coletiva até, devido a barbárie que vivencia, mas vale a pena gastar
pestana lendo algumas páginas da nossa
História para conferir alguns vasos resistentes ao fogo que o senhor
desdenha chamando de “cadinho cultural”
Não
esqueça do memorável negro liberto
Henrique Dias, que esteve durante 24 anos na linha de combate contra
holandeses; gente branca, europeia, que ocupava Recife e Olinda. Foi ferido
oito vezes, imagine o senhor. Salvo engano, este “malandro” é venerado como um
dos fundadores das nossas Forças Armadas – desculpe lembrar.
Mas a História general, registra também que um certo negro
“malandro”, desta feita na Marinha, não gostava de apanhar. Me deixe saldar o “Almirante
Negro” João Cândido.
Tinha habilidade de timoneiro, comandou a Revolta da Chibata
e que falta faz ao Brasil de hoje um João Cândido pois por quatro dias, lá pelos idos de 1910, sob o comando do
“Almirante Negro” os navios de guerra Minas
Gerais, São
Paulo, Bahia e Deodoro
apontaram os seus canhões para o Rio de Janeiro, que se rendeu.
Do contrário, o “malandro” arrasaria com
tudo. Ele queria acabar com castigos corporais na Marinha.
Diz os
livros de História sobre o ultimato do “negão” dirigido ao Presidente Hermes da
Fonseca: "Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não
podemos mais suportar a escravidão na Marinha brasileira". Já
imaginou se os negros brasileiros de hoje ao invés de reivindicar
civilizadamente por cotas em universidades seguissem o João Cândido?
Aliás,
João Cândido é nome de navio supermoderno da Petrobras, construído no governo
de um tal Luiz Inácio, presentemente encarcerado. Mas isso é assunto pra outro
papo inacabado.
General
houve um tempo, não muito distante, precisamente durante a Ditadura Militar,
que os senhores proibiram o verbete “indígena” nos livros escolares em
referência aos povos da floresta e obrigaram o uso de outro: silvícola!
“Mon
général”, que falta faz ao país a “indolência” do silvícola Antônio Felipe
Camarão que tinha como nome de batismo Potiguaçu . Educado por jesuítas, este
silvícola também combateu os galegos holandeses. Era do Rio Grande do Norte e
definido por historiadores como “exagerado” – não confundir com celerado, termo
que se aplica ao líder dos fascistas brasileiros de hoje em dia.
O
“indolente” Felipe Camarão, conhecido como “Dom Felipe”, tornou-se um Cavaleiro
Templário, vocês acreditam nisso? Pois foi condecorado pelo rei de Portugal
como “Cavaleiro da Ordem de Cristo”. Dizem que foi implacável com aqueles que
tiravam onda apoiando os holandeses; falava corretamente Português e Latim e
nas negociações exigia um tradutor, até para falar com militares nativos.
“Mon
général”, no Brasil de hoje ninguém ousa mexer nas pensões das filhas de
militares, no “auxílio moradia” para procuradores e juízes, e outras coisas
bacanas, legais porém imorais,
“privilégios herdados” segundo o senhor, dos ibéricos. Herança que nem o
senhor, nem muito menos nenhum outro candidato, de esquerda ou direita, vão
acabar.
O País
segue à deriva esperando por um João Cândido ou um Felipe Camarão.
*João Costa é
Radialista, Jornalista e Diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente é repórter de política no blogdojoaocosta.com.br
Lembrando ao Mon général os imprescindíveis “preguiçosos” e “indolentes”; mas jamais vira-latas
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/09/2018 08:33:00 AM
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