O Café de Madalena
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
A madrugada com sua brisa ainda
acalentava minha terra. Sob o céu estrelado e uma Lua de beleza intensa o
sertão dormia. A quietude das ruas possibilitava os vigilantes noturnos ouvir o
som do silêncio.
De repente um cheiro de café viajava
pelas alamedas penetrando nas frestas das janelas das casas despertando aqueles
que costumavam sair antes do sol nascente. Atraídos pelo aroma, seguiam, rua à
fora, contemplando o alvorecer caminhando preguiçosamente em direção ao Café de
Madalena, que antes de todos acordava, colocava o bule de café no fogo para
atender seus clientes, que ainda tinham à mesa pão com manteiga da terra,
tapioca, bolos, queijos de coalho e de manteiga.
O Café de Madalena aquecia as almas
sertanejas, permitia a conversa do alvorecer, aquecia e revigorava as energias
para o enfrentar do novo dia. Com a chegada do sol os fregueses aumentavam.
Confesso que minha frequência ao local ocorria no café da tarde, onde às três
horas visitava o Café de Madalena para degustar seu café acompanhado de leite
quente, um delicioso queijo de coalho, o pão na brasa e o inesquecível doce de
leite.
Cada cidade tem um ponto de encontro,
onde as pessoas além de degustar o bom alimento também se descobrem no
bate-papo. Na minha adolescência, na terra Pombal, o Café de Madalena era esse
ponto de convergência e também da divergência de ideias, salutarmente
discutidas. Hoje quando a tarde chega, sempre às três horas, esteja eu onde
estiver, chega também à saudade de tudo aquilo já vivido na inocência de um
tempo que jamais voltará, mas que estará eternamente nas lembranças guardadas
nas gavetas do meu existir!
*Escritor
pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa-PB
onaldorqueiroga@gmail.com
O Café de Madalena
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/15/2018 02:48:00 PM
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