PARTIDO POLÍTICO
Severino Coelho Viana |
Por Severino Coelho Viana*
Os partidos
políticos brasileiros, atualmente, não são organismos de defesa social,
perderam a sua finalidade de representatividade, desprezaram seus filiados e
esqueceram o povo, este o grande artífice dos pilares de sustentação do regime
democrático.
Basicamente,
o Estado surgiu para servir, constituindo-se uma sociedade politicamente
organizada. O partido político nasceu para servir de instrumento
reivindicatório na defesa dos problemas sociais perante o poder político. A
nosso sentir, parece-nos que os entes desviaram das suas finalidades
primordiais e não respeitam mais os limites da representação conferida pelo
cidadão para a convivência do bem-estar social.
A palavra
POVO só serve de enfeite para a feitura de um discurso literário, sem levar a
cabo o sentido exponencial dentro do sistema democrático. O povo é isso, o povo
é aquilo, o povo precisa disso, o povo está carente disso, o povo está sem
saúde, o povo não tem uma boa educação, o povo está faminto e vou trabalhar
pelo povo. No discurso do demagogo o povo não é NADA!
O partido
político tem caráter nacional traçado pelo seu programa e doutrina, atua em
nível nacional, estadual e municipal, desde que tenha órgãos de direção
válidos. Parece que o programa partidário não passa de um rascunho colocado no
balde de lixo. Nada se põe em prática, não passa de argumentos fantasiosos no
sentido de ludibriar a massa popular.
Um partido
político é um grupo organizado, legalmente formado, que busca influenciar ou
ocupar o poder político. Cada partido político possui o seu pensamento próprio
com relação à maneira como o país deve ser governado no âmbito da democracia
representativa, seguindo rigorosamente à sua linha de atuação conforme o seu
programa governamental que visa acima de tudo o bem coletivo.
A principal
importância dos partidos políticos registrados no TSE reside justamente em
registrar os candidatos às eleições para concorrerem aos mandatos eletivos por
ser uma obrigação constitucional. Essa é uma das principais funções dos
partidos ou a única observada pela agremiação. No Brasil, não é permitido o
lançamento de candidaturas avulsas. Apesar de muitas personalidades políticas
brasileiras serem mais lembradas no imaginário social do que seus partidos, um
cidadão não pode registrar sua candidatura a um cargo eletivo por conta
própria, ou seja, sem o apoio de um partido.
Agora, sim,
as mazelas partidárias são postas eficazmente em prática do dia-a-dia:
01 – A
agremiação política recebe o fundo-partidário para fazer política com dinheiro
público e legislar contra o povo.
02 -
Oligarquia familiar dentro do comando partidário nos três níveis: federal,
estadual e municipal.
03 – Permanente
fisiologismo que busca os cargos de livre nomeação para preenchimento por
pessoas da família e sua corja de apaniguados.
04 –
Coligação espúria com o fim de compra e venda do tempo disponível no rádio e na
televisão nos programas eleitorais.
05 – indicação
para cargos de confiança de pessoas ligadas ao partido no sentido de ser ente
de manobra para o desvio do dinheiro público.
06 –
Inexistência de fidelidade partidária por falta de princípios ideológicos,
legislando sempre no sentido de deixar um cano de escape para o pula-pula
partidário.
07 - Não
segue a doutrina da agremiação, mas o conselho ditado pelo caudilho revestido
de líder.
08 –
Ditadura partidária dos órgãos de direção, com intervenção da cúpula no órgão
inferior, a fim de preservar o interesse pessoal e escanteando os antigos
aliados e entregando o comando a novos aliados.
09 – Os
congressistas legislam em causa própria e chegam a tolher direitos fundamentais
da cidadania.
10 - O
partido político compreende que o voto não passa de uma mercadoria barata,
aproveitando a miséria e o sofrimento do povo.
A lição de
nossa época demonstra que não raro os partidos, considerados instrumentos
fundamentais da democracia, se corromperam, enterraram os princípios éticos em
covas rasas, as bandeiras de conquista do eleitor não passa de simples engodo
politiqueiro. Justamente, já que é uma questão pública e notória, com a
corrupção partidária, o corpo eleitoral, que é o povo politicamente organizado,
sai bastante ferido e jogado no tapete dos excluídos.
No seio
partidário forma-se logo mais uma vontade infiel e contraditória do sentimento
da massa sufragante. Atraiçoada por uma liderança portadora dessa vontade nova,
estranha ao povo, alheia aos reclamos sociais. Joga a massa na maior tragédia
política, vislumbrando o colossal logro de que caíram vítimas. Restam tão só as
vítimas indefesas e a democracia sucumbida e subtraída nos seus ideais
humanitários.
Com um
perverso Estado partidário enganador do estado de consciência, todo o sistema
representativo tradicional entra em crise. O eleitor, o deputado, o parlamento
e massa desiludida, agonizada e decepcionada com a maldita sigla partidária.
Infelizmente,
o nosso velho e querido Brasil, pelo tamanho de sua extensão territorial,
dificilmente podemos implantar uma democracia direta como acontecia na Ágora,
no Estado-nação da Grécia antiga.
Fica a
lição: todo o poder emana do povo
João Pessoa - PB, 1º de agosto de 2018.
*Escritor Pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa PB
scoelho@globo.com
PARTIDO POLÍTICO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/01/2018 02:53:00 PM
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Um comentário
Parabéns para o professor e procurador de justiça, Severino Coelho. Um texto com um claro diagnóstico, ou retrato fiel da sórdida formação partidária e seus representantes políticos. Que se auto representa, deixando a massa a deriva nos seus atos no parlamento. E muito mais. Uma leitura obrigatória. O poder emana do povo.
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