No Brasil, a luta de classes comporta voto por compaixão entre o Esfaqueado e o Encarcerado
No leito da
enfermidade, o Esfaqueado apela pela comoção que não veio; nos porões do
Judiciário, o Encarcerado teima em confiar nas instituições de um estado que há
quatro anos deixou de ser de direito; eis o País dividido entre abraçar - por compaixão - a barbárie voltando ao medievalismo,
se é que algum dia buscou a civilização ou um futuro promissor e redivivo que,
exatamente por ser futuro, mostra-se sombrio.
Se, em 2014, o
PSDB (partido perdedor das eleições, que agora faz autocrítica) não aceitou o
resultado do pleito e arrastou a Nação para o fosso onde chafurdam o ódio, a
intolerância e a bizarrice pátria, alguém acredita que as mesmas forças
econômicas, orquestradas pelos EUA e seus juízes nativos, vão respeitar um
resultado adverso agora em 2018?
Vejo o tabuleiro
dessas eleições assim: o Judiciário tutela a política e a caserna age como
tutora dos destinos da Nação – isso desde 1889, no primeiro dos golpes
militares da nossa História de pequenos lapsos de democracia. Entre declarações
e tuitadas, os chefes militares avisam que são controladores da régua e do
compasso, com a espada sobre a Justiça e o povo.
Lembro que logo após a eleição da Dilma
Roussef, um dos ministros do Supremo Tribunal Federal, o tal Barroso – que
dizem se considerar um Rui Barbosa - sustentava que, no Brasil, “juízes e tribunais
se tornaram mais representativos dos anseios e demandas sociais do que as
instâncias políticas tradicionais”. Foi claro, ou a altura desse campeonato de
várzea, precisa desenhar?
Em 2018 esse mesmo
ministro cumpre o que havia ameaçado e sem titubear empurra o país para as
chamas. Na verdade, o Judiciário, desde 2016, tomou a decisão de rasgar a cada
minuto a Constituição que seus integrantes juraram em defender, desde que, ao
rasgar a Carta, favoreça ou siga o roteiro traçado pelas forças não tão ocultas
assim que agem de forma exitosa para destruir qualquer traço de democracia ou o
que resta de soberania.
O Esfaqueado toca fundo
no fascismo adormecido da população e âmago religioso professado a cada domingo
nos púlpitos evangélicos, a ponto de pastores ditos “humanistas” abraçarem o
ódio e intolerância como um Cruzado a caminho de Jerusalém – o berço da
intolerância que irradia pelo Ocidente e ameaça o resto do mundo.
O Encarcerado
oferece uma felicidade de pronto rejeitada e sonhos inúteis, exatamente por
serem moderados, de conciliação – e todos sabem que o conciliador morre por
último, mas morre.
E Ciro? Seria o
Cavalo de Tróia conduzindo em seu ventre um nacionalismo que o próprio povo não
sente e que só se identifica através de uma camisa de um time fracassado?
E a Marina?
Revelou-se o que sempre foi. Aracne da Amazônia que ela mesma não conseguiu
fatiar com os EUA, e hoje faz brinde amargo de ressentimento e ódio aqueles que
a preteriram.
E o inimputável
ex-governador de São Paulo? Segue se achando a locomotiva que conduz o trem
sabidamente descarrilado.
O Inferno é a
primeira parte da Divina Comédia, estamos e ficamos nele há séculos, abdicando
decididamente do Purgatório e do Paraíso.
Mas a carta do
tarô que mais se aplica no momento político é O Enforcado. A Nação precisa ponderar, porque 2019
prenuncia a carta A Morte – por sinal de número 13.
*João
Costa é Radialista, Jornalista e Diretor de teatro, além de estudioso de
assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente é repórter de política no
blogdojoaocosta.com.br
No Brasil, a luta de classes comporta voto por compaixão entre o Esfaqueado e o Encarcerado
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/14/2018 07:31:00 AM
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