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Xô depressão

Onaldo Queiroga

Onaldo Queiroga*

Engana-se aquele que pensa que a depressão só reside em lugares calmos, tranquilos, de poucos habitantes. As estatísticas demonstram que é nas grandes metrópoles que se registra a maior incidência desse mal tão terrível.
No meio da multidão, pessoas se retraem sob o bastão do medo, da desconfiança e da frieza das relações humanas. Retiram das gavetas do eu as ansiedades, desilusões, decepções e a incredulidade dos tempos atuais e, terminam por abrirem a porta para a indesejável solidão, que logo asfalta a estrada para a depressão.
Velhos, crianças, homens e mulheres, no vai e vem frenético não reservam tempo para o sorriso. Correm contra um relógio impiedoso de uma concorrência que não admite atraso. Mas, que atraso? Não sei. Como figuras automatizadas, vão de um lado para outro velozmente, numa busca insistente pela conquista, uns da sobrevivência, outros por um degrau maior na escada do materialismo dessa sociedade tão contraditória e, alguns poucos, vivem a contabilizar o crescente aumento de suas riquezas diante de uma engrenagem déspota.
Nas gaiolas de concreto a solidão tem como nutriente o som do vento, que ao passar pela fresta das janelas, provoca um zumbido horripilante decorrente do estridente barulho das buzinas, do ronco dos motores, dos paredões sonoros, integrando-se ao esquálido mundo entre quatro paredes.
Para dizer xô a depressão, é preciso ouvir outros sons, o dos passarinhos, o das águas das corredeiras ou do falar murmurante das ondas do mar. Esses trazem paz ao espírito, intermedeiam o diálogo entre homens e natureza, que os aproximam de Deus. É necessário preservar a família e conversar sempre com Deus, pois só Ele para nos afastar do inferno que habita a depressão.
*Escritor pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB
onaldoqueiroga@oi.com.br
Xô depressão Xô depressão Reviewed by Clemildo Brunet on 9/04/2018 03:24:00 PM Rating: 5

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