PATRIMÔNIO HISTÓRICO: PRESERVAR É PRECISO
Francisco Vieira |
FRANCISCO VIEIRA*
Segundo a ordem natural das coisas,
pessoas e fatos fazem a história, onde o homem, parte integrante desse contexto
é agente imprescindível no processo de construção da humanidade e do mundo.
Decerto, todo lugar tem importância na
construção da história a exemplo do centro de Salvador, Rio de Janeiro e
outros. A propósito, há em cada universo
algo a ser lembrado ou contado. Quer numa avenida ou simples viela, seja num
majestoso palacete ou singularidade de uma choupana, enfim, em qualquer palmo
de chão, aí está o palco natural da história de um indivíduo, povo ou nação.
Destarte, e por justiça, exalto a participação de
personalidades políticas, religiosas, artísticas e científicas, também personagens
da história, hoje imortalizadas no coração das pessoas.
Em síntese, o patrimônio histórico
consiste num bem de caráter material que congrega importantes acontecimentos de
valor sociocultural de uma cidade, região ou país.
No Brasil, o tema não recebe o devido valor.
É evidente o descaso dos poderes públicos e parte da população com o patrimônio
histórico, não dando ao assunto o merecido tratamento. E o que é pior, nem
mesmo o IPHAN, órgão responsável pela preservação do acervo patrimonial, pouco
ou quase nada faz nesse sentido. De um lado falta política de apoio e do outro,
parece não interessar a grande parte do povo.
Diariamente nos deparamos com prédios
abandonados, em ruínas ou transformados em escombros sepultando nossa história
nas malhas do ostracismo. A propósito, não é à toa a expressão de que o Brasil
é mesmo um país sem memória.
Pombal, povoação mais antiga do sertão
da Paraíba, detém maravilhoso acervo arquitetônico que sintetiza rico cabedal
histórico. Contudo, a situação não é diferente das demais localidades. Grande
parte de sua história foi mutilada com a destruição de antigos casarões e
prédios públicos.
Com indignação, assistimos inertes a
destruição dos nossos bens patrimoniais. Num misto de tristeza e revolta a
população cobra explicações convincentes para a extinção do Ginásio Diocesano,
Grupo Escolar José Avelino, Cine Lux, DNER, Brasil Oiticica, Sobrado de D.
Jarda, Bangalô de Sá Leite, Casa do Altinho e outros, todos de grande importância
sócio-política e educativa do município. Impossível afirmar a quantidade de
anos de história destruídos com a derrubada desses monumentos e transformados
em montanhas de entulhos. De lembranças, além da chaminé apontando para os céus
como um dedo em riste, ainda ecoa em cada pombalense o som do apito da Brasil
Oiticica, a disciplina do Diocesano, o misticismo do Bangalô e a rica discoteca
do Cine Lux. Depois da saudade temos apenas a certeza de que nossa história jamais
será a mesma.
A nível de Brasil, o descaso se
intensifica dizimando o patrimônio histórico e cultural. Lembramos que nos
últimos dez anos oito grandes museus foram destruídos, como: Memorial da
América Latina, Museu da Língua Portuguesa, Teatro da Cultura Artística e mui
recentemente o Museu Nacional do Rio de Janeiro e outros. Impiedosamente o fogo transformou em fumaça
grandes tesouros culturais e científicos do país. O que foi destruído, perdido
está para sempre, restando apenas na memória daqueles que guardam o passado
como fonte de informações.
A manutenção do patrimônio perpetua sua
história, a demolição destrói a cidadania sepultando a identidade, pois aquele
que não respeita suas origens não conhece a si mesmo.
Esquecer a história é não saber quem
somos. Preserva-la é preciso a partir da conscientização iconográfica e mudança
da pseudo-concepção popular de que “coisa velha não tem valor”.
Preservar o patrimônio
histórico-cultural não é exclusividade dos poderes constituídos, mas também da
sociedade, afinal, a história é nossa e dela somos personagens.
Para que novas gerações conheçam sua
história, PRESERVAR É PRECISO. Eis o desafio.
Pombal,
03 de setembro de 2018.
*Professor e
Escritor pombalense
PATRIMÔNIO HISTÓRICO: PRESERVAR É PRECISO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/04/2018 02:58:00 PM
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