Entre andrajos e tarecos
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Quando o Ministro da
economia, Paulo Guedes, se apresentou à Câmara dos Deputados, na Comissão de
Constituição e Justiça, para discussão da constitucionalidade do Projeto de Lei
da Reforma da Previdência, mal sabia ele da enroscada que estava se metendo. À
fachada daquela Casa de Leis era realmente um monumento ao Legislativo
brasileiro, juntamente com o Senado Federal, entretanto, lá dentro o espetáculo
apresentado pelos ocupantes da casa, foi de uma consternação de provocar azia
em antiácidos, principalmente, pelos próceres representantes dos Partidos
Políticos, tidos como de esquerdas.
Confesso que fiquei pasmo
diante de uma televisão, vendo a transmissão, ao vivo, para todo território
nacional, sou daqueles que gosta de acompanhar as discussões via TVs, tanto do
Legislativo como do Judiciário. Estarrecedor era a cena da falta de educação
dos interlocutores Deputados, no auge do embate com o Ministro menoscabado
pelas palavras pernósticas, numa linguagem chula, sem o menor respeito ao
ambiente de trabalho e ao próprio Ministro. A sensação que imperava era de um
bando de descontrolados animais, acometidos de hidrofobia, sintomas claros de
ausência de controles e extasiados pelo desejo de vingança por uma causa
perdida.
Não fora o controle
emocional, do questionado, quase saindo dele, a situação chegaria à via de
fatos, tangenciando ao limite do aceitável numa conversa formal entre seres
racionais. O que mais me chamou atenção foi à mescla de faixas etárias, saindo
dos jovens e neófitos deputados aos mais antigos e veteranos, acostumados às
batalhas ideológicas e políticas. Não obstante o grau de informação e até mesmo
intelectualidade dos membros a miríade ali constante de desagravos era de
deixar qualquer cidadão de relativo bem em desagrado.
Tamanha foi à descompostura
que o ambiente não lembrava em nenhum momento a casa das Leis, mas, uma casa de
recursos, como se fala a respeito de ambientes indecentes e indecorosos, tão
descomunal era a cizânia mal poderíamos supor que por aquele ambiente, não
muito distante, já passara ilustres figuras da vida pública nacional. A
impressão que se tinha era que aquelas roupas e móveis pareciam peças
decorativas de personagens de um museu de cera, ambientado numa réplica de um
auditório improvisado de um passeio público.
Desculpe caro leitor, talvez
alguém venha a pensar que estou exagerando nos adjetivos desqualificativos
imputados a parte dos nossos congressistas, tenham certeza, estou sendo
fidelíssimo ao quadro visto naquela tarde lúgubre do nosso atual momento
político. Espero que os pensamentos dos homens fiquem mais brandos e
respeitosos com os outros homens, ou, em último caso, mudem o endereço do nosso
Congresso para um terreno baldio, locado numa ponta de rua escura de um bairro
afastado de uma vereda da mais pobre cidade, de um Estado qualquer, do nosso
País. Só assim não passaremos mais vergonha do comportamento vexatório dessas
estranhas figuras que se dizem políticos.
*Genival
Torres Dantas
Poeta
e Escritor
genivaldantasrp.com.br
Entre andrajos e tarecos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/10/2019 06:43:00 AM
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