Quando a competência é questionada
Genival Torres Dantas |
Por Genival Torres Dantas*
Quanto mais o tempo
passa mais evolui em direção ao mesmo, são mais de noventa dias do novo Governo
Bolsonaro, muita conversa de bastidores, ideias jogadas ao vento, tudo aquilo
que parecia uma nova era vai se transformando em balão de ensaio, sem
resultados práticos, conjecturas sobre a cabeça dos bafejados pela sorte e
escolhidos pelos deuses do iluminismo pregado pelos místicos transformados em
Gurus e advindos da cultura rasa editada pelas frestas do mundo virtual alocada
entre o vácuo das paredes limítrofes da realidade que nos dilacera dentro da
nossa própria estupidez.
A política nacional
saiu do julgo socialismo maquiavélico arremessado que foi aos braços do
imponderado desejo de acertar sem, até então, ter as devidas assertivas
apresentas como credenciais pelos novos comandantes da nau sem rumo e a deriva
navegando em um mar revolto. É de se imaginar que quando o controle sai das
mãos do controlador tudo passa a ser uma questão de sorte e esperança. Somos
acionados, administrativamente falando, por uma manivela sem regulagem precisa e
gasta, cujo motor encontra-se em estágio com sinais de fundição iminente, nesse
caso, a possibilidade de segurança passa ser próximo à zero, com grande chance
de um colapso geral.
Esse quadro de
natureza morta, pintado em preto e branco, de um autor qualquer, longe das
cores coloridas e reproduzidas pelos pinceis de riscos simétricos da artista Tarsila
do Amaral, traduz um momento de inteira demonstração de estado de espírito em
que se encontra o brasileiro e sua apatia incrédula, quando o assunto é
esperança. Mesmo com chances mínimos de realimento na política e economia, marchamos
e aqui o marchar é bem colocado, em direção ao abismo que surge em nossa
frente, abismo esse que não existia e foi construído pela insensatez da atual
administração quando se julgou autossuficiente sem a interveniência dos demais
Poderes constituídos. Não se fazendo de arrogante, o Presidente da República
tinha razão na troca da forma do governo anterior, não permitiu que continuasse
o descalabro da administração imponderada, período de muitas perdas e danos ao
erário e, por conseguinte desmonte de Ministérios tão expressivos na conjuntura
da administração pública, com desvios de conduta moral e roubos qualificados e
julgados como de práticas executadas como se profissionais fossem do submundo
do crime.
O Presidente errou ao
anunciar e fazer os devidos acertos eliminando arestas, criando obstáculos por
força dos instrumentos e normas internas cujo objetivo era trabalhar com uma
equipe desvinculada da imoralidade e imparcialidade no trato dos recursos da
Nação, sem, entretanto, oferecer prerrogativas, se podemos considerar
prerrogativas que não seja ausência do moral. O sistema de Governo da nossa
República carrega entre as linhas da Carta Magna, 1988, Constituição Cidadã,
preceitos e conceitos voltados a um Governo Parlamentarista e foi implantado o
sistema continuado, já existia antes, de Presidencialismo, Dessa forma o Poder
executivo e o Legislativo andam atrelados de forma a se completarem em nome da
boa administração. Esse imbróglio não significa que os Poderes ou parte deles
tenham passaporte para o desatino, acima de qualquer Lei ou furo dela há uma
coisa chamada dignidade que precisa ser respeitada em qualquer situação e por
quem quer que seja, se excluindo, nesse caso, o Deus preconizado pelo
Presidente Jair Bolsonaro e a Nação brasileira.
Convenhamos, estamos
passando um momento de certa forma hilário, o Presidente em 90 dias fez três
viagens internacionais anunciando feitos que ainda não foram realizados, até
mesmo os projetos que representavam o carro chefe da sua campanha eleitoral,
estão pendentes no Congresso Nacional, esperando que a base de apoio
parlamentar seja efetivamente construída para que os dois projetos, Reforma da
Previdência e da Segurança Nacional, sejam votados e o País comece a caminhar
em direção aos seus objetivos, que até então, não se tem uma noção básica de um
projeto de Governo, por esse motivo, a desesperança toma conta inclusive dos
aliados políticos da situação, alguns Ministros recorrem aos seus prestígios
junto ao Legislativo, fundamentados na possiblidade que se tome um rumo
consensualmente.
Ao que tudo indica,
no retorno de Israel, o Senhor Presidente andou concatenando suas ideias de
governabilidade e recebeu alguns presidentes de partidos políticos na
tentativa, embora tardiamente, de fazer acordos para que os projetos já
referenciados tomem o rumo da aprovação, o que é uma incerteza, considerando
que até o momento havia um entrave entre o Executivo e Legislativo, em
decorrência dos pressupostos já afirmados. O que realmente esperamos é que as
autoridades constituídas em nome do povo tenham, doravante, o discernimento que
eles estão ali para servir ao povo e não o contrário, dessa forma, pedimos
encarecidamente que os senhores façam por onde justificarem os respectivos
cargos e salários aferidos aos trabalhos desenvolvidos por Vossas Excelências e,
o apelo serve também ao Judiciário, que anda claudicando, conforme a opinião
pública, se lancem à luta em nome da dignidade de um País cansado de tantas
desventuras no seu comando. Chegou a hora de o comportamento de criancices,
beicinhos e chacotas ser esquecidos, já não há adolescentes entre nós, somos
adultos, maridos e esposas, pais e mães, avôs e avós, respeitemos ao menos
nossos descendentes, pois, não tivemos respeito com nossos ancestrais.
*Genival Torres
Dantas
Poeta e Escritor
genivaldantas.com.br
Quando a competência é questionada
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/06/2019 11:25:00 AM
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