PONTE VERMELHA DE POMBAL: A HISTÓRIA ACABA ASSIM
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Francisco Vieira |
Francisco
Vieira*
Oportuna, porém, constrangedora
a reportagem do jornalista pombalense José Vieira, denunciando o estado de
abandono da Ponte do Trem ou Ponte Vermelha, situada a oeste da cidade de
Pombal.
No documentário, o repórter
evidencia o descaso dos poderes constituídos e da população com o patrimônio histórico
e cultural. Nem mesmo o IPHAN, órgão responsável pelo assunto, pouco ou quase
nada faz nesse sentido. Sem o devido tratamento o acervo padece no ostracismo e
acaba sucumbindo ante o desgaste implacável do tempo.
Singular e exuberante: assim
se resume a história desta monumental estrutura metálica com base de pedras e
concreto, sobre o Rio Piancó, medindo 170 metros de extensão e localizada a
dois quilômetros da sede do município. Inaugurada em 1.932, para o transporte
de passageiros e cargas, interligando os estados da Paraíba, Ceará e Rio Grande
do Norte, proporcionou o intercâmbio comercial, portanto de grande importância
para o desenvolvimento da região. Só isso basta para justificar sua grandeza e o
nosso inconformismo com o descaso.
Como se não bastasse o melancólico
fim do Grupo José Avelino, Ginásio Diocesano, Cine Lux, Brasil Oiticica,
Sobrado de D. Jarda e Casa do Altinho, palco do filme Fogo, O Salário da Morte,
primeiro longa-metragem encenado na Paraíba, o problema continua. A situação se
agrava quando a insensatez permite a população assistir indiferente tudo se
transformar em ruinas. Impossível aceitar de bom grado tão impiedoso gesto.
Fechada em 1.977, para
passageiros e depois para o serviço de cargas, a ponte se encontra a mercê de
vândalos. Dá pena ver a estrutura corroída e envolta pelo matagal, ofuscando
sua magistral beleza. Outrora, imponente e atrativa, hoje, tímida e esquecida,
é visitada apenas por meros aventureiros que buscam em vão desfrutar das
belezas desgastadas pelo tempo.
O quadro é degradante,
lamentável e sobretudo revoltante, portanto, digno de solução urgente. Resgatar
é preciso. Zelar o patrimônio não é exclusividade dos poderes constituídos, mas
um dever de todos, somos todos responsáveis. Mudar se faz necessário, a partir
da falsa concepção de que “coisa velha não tem valor”.
Cada monumento em ruína,
significa uma parte da história que se vai para sempre. Portanto, que o amor
filial seja cuidadoso como guardiões em defesa do nosso patrimônio.
Por fim, exalto a reportagem
do notável jornalista que demonstra o amor e a preocupação de filho com a
terrinha e que me estimulou este artigo.
Parabéns com louvor.
Salve nosso patrimônio
enquanto pode, pois a história acaba assim.
Pombal, 02 de maio de 2019.
*Professor
e Escritor pombalense
PONTE VERMELHA DE POMBAL: A HISTÓRIA ACABA ASSIM
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/03/2019 08:26:00 AM
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