IMPRENSA X OPINIÃO
Clemildo Brunet*
A
imprensa hoje nos seus diversos meios de dar ciência dos fatos que acontecem no
nosso cotidiano tem sua relevância no que diz respeito à formação da opinião
pública, desde que ela não fuja da finalidade a que se destina e passe a usar
de expediente escuso favorecendo aos seus próprios interesses. Aqui e acolá
isso acontece; o que é uma vergonha para os nossos meios de comunicação.
É
preciso ter cuidado com o que se diz, pois muitas das vezes pode ser mal
interpretado e isso geraria uma convulsão sem fim. Cada cabeça é uma sentença,
nem todos pensam iguais. Existem dentro da opinião pública aqueles chamados
Maria vai com as outras; outros que emitem parecer a fim de agradar o chefe,
assumindo a culpa de algum erro cometido livrando a cara de seu comandante do
escárnio da opinião pública.
Ainda
bem que dentre esses, há aquele de cabeça feita, inteligente e hábil em lidar
com situações embaraçosas. É necessário, muita vivência e experiência adquirida
ao longo dos anos. É preciso ter jogo de cintura em circunstancias em que o
vínculo empregatício está em cheque mate e é de importância vital para quem se
dedica ao trabalho dentro dos parâmetros de vocacionado para aquela função.
Vou
contar um fato que aconteceu nos bastidores de uma emissora de rádio e que a
opinião pública não teve conhecimento. Peço vênia aos leitores, para não
revelar nomes de personagens envolvidos no episódio, nem tão pouco o local em
que se deu o ocorrido por uma questão de ética.
Na
Década de 80, em uma cidade da Paraíba, o Diretor artístico de uma emissora se
viu em apuros ao ser interrogado pelo juiz eleitoral sobre uma fita do programa
de uma facção política. Nessa fita constava a voz de um locutor que fora
contratado para fazer a campanha do partido adversário.
A
parte interessada que se viu prejudicada acionou a justiça para obter a fita e
comprovar o feito. Nesse ínterim, alguém que tinha contratado e colocado à voz
do locutor, resolveu destruir o material gravado. Essa pessoa exercia
ingerência sobre a emissora que gerou o programa.
A
corda sempre quebra do lado mais fraco, lá foi o pobre diretor de programação,
explicar para o juiz, que a fita havia sido estragada no rolo compressor do
gravador levando em mãos o material danificado sem nenhuma condição de áudio.
A
Nação em que vivemos que é chamada de país das mil maravilhas agentes políticos
gostam de fazer suas maracutaias, no entanto, não querem de forma alguma
assumir os erros que cometem e que são denunciados pela imprensa e a opinião
pública.
A
Imprensa é para cuidar de fatos do dia a dia que acontecem no país, no Estado e
no Município, o que é bom, se elogia, o que é mal se faz a crítica.
Não
é nada agradável para a população, quando alguns profissionais da Imprensa,
deixam de cumprir sua missão, para falar mal uns dos outros.
Existem
Profissionais da imprensa Escrita, falada ou televisiva que, por prestarem
serviços ao Poder, ficam embevecidos e impregnados de tal modo perdendo de
certa forma a identidade do verdadeiro jornalismo para defender interesses de
quem os contratou em detrimento do que a opinião pública precisa saber.
Quem
está ao lado do Poder, faça o seu papel de defender os atos administrativos sem
que haja necessidade de levar para o campo pessoal o colega de profissão,
quando este é contrário aos interesses do poder. Isso é democracia! A função
que cada um ocupa é transitória, um dia o contraditório, deixará de ser
contraditório e estará no poder.
Graças a Deus, mesmo tendo comandado por
muitos anos as campanhas políticas em minha cidade, fazendo animação em
comícios no palanque de determinado partido, tempos depois fui contratado por
uma facção adversária e hoje convivo bem com todos.
O
LORD AMPLIFICADOR, uma das maiores escolas de profissionais durante as décadas,
70 e 80, jamais se furtou em atender as duas forças políticas da época.
Prefeito e o Presidente da Câmara de Vereadores, adversários políticos, usavam
livremente nossa difusora, um após outro se revezavam em nossos microfones com
questões levantadas por eles mesmos. Isso é democracia. O direito de um termina
quando o do outro chega.
Hoje
distante da militância do rádio e na condição de cidadão pombalense e ouvinte
dos noticiários locais, faço um apelo a nossa classe jornalística que tem
excelentes profissionais, que não me entendam mal. Façam do trabalho a arma
poderosa para a formação sólida e equilibrada da nossa opinião pública, sem se
deixarem envolver pelo fascínio do poder que é transitório.
O
poder passa, a opinião pública fica e observa, fazendo avaliação do desempenho
das atividades daqueles que levam consigo a marca da informação e da notícia.
Extraído do Livro “Histórias do Rádio
em Pombal” Páginas 133/135.
Autor: Radialista e Escritor Clemildo
Brunet de Sá.
IMPRENSA X OPINIÃO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/07/2019 09:35:00 AM
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