QUANDO A VELHICE CHEGA!
Por
Eli Medeiros*
A vida tem suas fases bem
definidas. Nascemos, crescemos, reproduzimos e morremos. Aprendemos isto,
quando sequer temos a ideia dessas etapas vivenciadas na prática.
Quando crianças, julgamos
velhas pessoas que, ao atingirmos a idade delas, não nos sentimos com a carga
do tempo que julgávamos terem elas quando as olhávamos em nossa infância.
Na juventude, temos a
sensação da eternidade no coração, como se tempo tivéssemos para todos os
propósitos e desejos, sem a visão da brevidade da vida que a velhice nos
revela.
Fato é que vivemos distintas
vidas no curto lapso temporal que a vida nos proporciona. A bíblia nos afirma:
“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração
do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio
até ao fim”. (Eclesiastes 3:11)”. A consequência disto é que, se não
tivermos a clara visão de que a instituição do tempo na vida da humanidade
limita sua compreensão de si mesmo e do Deus que o criou, teremos sempre a
falsa impressão de que tudo é possível e que somos os donos do nosso destino.
Esta é a sensação da juventude!
Quando a velhice chega,
entretanto, começamos a entender algumas verdades que não conseguimos perceber
antes. Você já não é mais conhecido por quem você é, mas passa a ser conhecido
por ser o pais dos filhos que você tem. É que sua geração vai desaparecendo
para dar lugar à geração dos seus filhos. Você constata que a velhice chega,
quando seus netos o acham velhinho, da mesma forma como você via os mais
“velhos” em sua infância.
A grande vantagem da velhice
(ela tem vantagens, sim) é que você já não tem disposição para brigas fúteis. O
ímpeto da reação desaparece para dar lugar à ponderação, à serenidade e à
analise fria para escolher com o que vale a pena se aborrecer ou deve merecer
sua contrariedade. Você valoriza mais a qualidade das coisas! Consegue entender
a infantilidade dos mais jovens e a imaturidade dos menos jovens que, vivendo
em tempo diferente de sua real idade, perderam a percepção da verdadeira fase de
suas vidas.
Felizes os que se realizam
na realização de seus filhos, visto que neles se projetam nos sonhos que sabem
não mais lhes serem possíveis realizar. A vida continua a ser vivida não mais
na urgência das ações que, antes, de você mesmo eram auto exigidas, porque a
exigência que rege os fatos não é mais conduzida pela pressa, mas é conduzida
pela qualidade que agora os justifica.
Quem não consegue reconhecer
a desaceleração impressa pelo tempo não desfrutará a beleza própria do seu
tempo, nem degustará o sabor de cada uma de suas fases, na plenitude da vida
que Deus, na efemeridade de nossa peregrinação, colocou à nossa disposição. A
vida é dom de Deus! Serve-nos, pois, a oração do Salmista: “O justo florescerá como a
palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na Casa do
SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos;
serão viçosos e florescentes, para anunciarem que o SENHOR é reto; ele é a
minha rocha, e nele não há injustiça.” (Salmos 92:12-15).
Há crianças infelizes,
jovens infelizes, adultos infelizes e velhos infelizes. A infelicidade nenhuma
ligação de causa e efeito tem com o tempo de vida. Porém, independentemente do
tempo, “feliz é o homem que teme o Senhor, e põe o seu prazer em observar os seus
mandamentos "(Salmos 112:1), mesmo quando a velhice chega.
Eli Medeiros |
*Advogado
e Presbítero da Igreja Presbiteriana Renascença em São Luiz-MA
QUANDO A VELHICE CHEGA!
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/16/2019 06:02:00 AM
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Um comentário
Um exame analítico e muito certeiro sobre o que é a velhice
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