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DÉ: A ARTE PELAS MÃOS


José Pereira de Sousa (Dé)
Prof. Francisco Vieira*

Ao longo da história, o uso das mãos foi assim.

Há mãos que edificam ou destroem, mãos que abraçam ou rejeitam, suplicam ou ameaçam, abençoam e afagam, gesticulam em saudação ou agridem, acenam dizendo até logo ou adeus, num gesto de amor agasalham, apoiam e acalentam.

As mãos exprimem sentimento, talento e arte. Foi com as mãos benfazejas que “DÉ” manifestou-se excepcional, exercendo sua arte com zelo, gosto e perfeição, destacando-se como notável violonista e exímio marceneiro.

Hoje, 13/07/2020, mal o sol rompia a aurora, Pombal se enchia de pesar com o falecimento de DÉ, o trovador e artesão. Coincidência ou não, faleceu no Dia Mundial do Rock e numa madrugada, como tantas outras, palco de memoráveis serenatas ao som de um violão plangente, deixando órfã a arte musical. Assim, aos 75 anos, se foi o músico e o artista

Assim, partiu José de Sousa Pereira ou DÉ, o 4º filho de Seu João Casé e D. Ozana de uma família de onze irmãos e esposo de Zilda, com quem gerou seis filhos.

Referir-se a DÉ, é mergulhar no tempo e ressuscitar “Os Águias”, conjunto pombalense que se destacou entre os anos 1967 e 1977, a partir de sua formação inicial: Dé, Tico (seu irmão), Zé Ari, Mestrinho e Valdeci, embalando a Jovem Guarda na região, estado e fora dele. Fato inusitado, portanto, digno de nota, a bateria e as primeiras guitarras foram confeccionadas por ele.
OS ÁGUIAS

Ainda presente na lembrança os Anos 60, época do iê-iê-iê, ao som dos Águias. Quão maravilhoso e encantador era dançar ou ver a impecável desenvoltura de DÉ, no trato com a música, até mesmo com as mais versáteis, como Milionário, Czardas. O repertório de The Pops lembra mais do que qualquer outra coisa.  

A propósito, DÉ, o músico, assim como o poeta, jamais será esquecido. É que a arte envelhece enquanto o artista se eterniza em suas obras.

O violão silencia, mas seus acordes permanecem no coração do sensato. O toque refinado de seus dedos mágicos, continuará vibrando sonoro na memória de quem teve o privilégio de ouvi-lo.

Usando as mãos com arte e maestria, DÉ, imprimiu sentimentos. Se trabalhando a madeira confeccionou obras de arte, ao som de um violão dolente, uniu pessoas, aproximou emoções, lágrimas e recordações, aliviando dores.  

DÉ, serás reverenciado sempre. Enquanto houver serenata, quando a saudade sufocar o peito, a paixão machucar os corações e a boemia se reunir em festa, aí sim, ele estará literalmente entre nós.

Se com as mãos, DÉ estimulou o amor produzindo felicidade, pelas mãos do Senhor, foi conduzido aos céus, para lá, unir-se ao ritmo contagiante de Bideca, ao toque refinado de Chico de Dora e a versatilidade de Leonardo Espalha no Conservatório de Deus.

DÉ, segue feliz para os braços do Pai, enquanto aqui ficamos com tua saudade. Os teus acordes falarão por ti.

DÉ, eis aí o meu tributo.

*Professor e Escritor*

Pombal, 18 de julho de 2020.
DÉ: A ARTE PELAS MÃOS DÉ: A ARTE PELAS MÃOS Reviewed by Clemildo Brunet on 7/18/2020 04:55:00 PM Rating: 5

2 comentários

Antônio F. Queiroga. disse...

Bela homenagem post-mortem ao saudoso Dé, virtuose na sua maior expressão, como extraordinário instrumentista que era. Não sabemos se os remanescentes do Águias ainda estarão juntos, e quem estará empunhando a guitarra em lugar de Dé, tarefa nada fácil. Acredito que homenagens futuras serão feitas á memória do eterno guitarrista dos Águias. Descanse em paz, querido Dé.

Unknown disse...

Ótima matéria,parabéns do amigo aqui geraldo do Rio e filho de pombal, vale.

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