No vale tudo, sarcopenia da massa encefálica
Genival Torres Dantas |
Genival Torres*
Como o
próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preconizou, o Brasil foi
dividido em duas fases, uma antes e outro depois da sua gestão, não com essas
palavras. Portanto, a partir da segunda fase poderá ocorrer até a sarcopenia da
massa encefálica no brasileiro, que a medicina não saiba dessa minha profecia
do sortilégio.
Pelo menos
é o que está ocorrendo com o próprio ex-presidente, pois, imaginar no mesmo
palanque a presença de duas figuras antagônicas como a da ex-prefeita de São
Paulo, Luiza Erundina, e do ex-governador Paulo Maluf, apoiando Fernando
Haddad, afilhado político do ex-presidente Lula, só mesmo estando com redução
da massa encefálica. Pior, imaginar isso como o novo para São Paulo, ou seja,
os dois políticos engajados, e apoiando o pré-candidato à prefeitura e falando
a mesma linguagem política, é no mínimo um despropério inconcebível. Vi de
perto as duas escolas administrativas na prefeitura de São Paulo.
Luiza
Erundina de Sousa, 77 anos, nascida na cidade de Uiraúna, berço sacerdotal, e
reconhecida como a cidade luz, ou Paris do sertão paraibano, não pelo seu
tamanho, mas pelo cuidado que a sua administração pública tem com a pequena
cidade de 14.584 habitantes.
Concorreu
ao cargo de prefeita da cidade de São Paulo, depois de ter trabalhado como
assistente social, da mesma prefeitura, com os migrantes nordestinos da
periferia. Teve como concorrente dentro do próprio partido, como pré-candidata,
o lendário Plínio de Arruda Sampaio, contando, ele, com o apoio irrestrito das
maiores lideranças do PT, na época, Lula, José Dirceu e José Jesuino.
Derrotou na
eleição candidatos como o próprio Paulo Maluf (PDS), João Oswaldo Leiva (PMDB),
José Serra (PSDB), João Melão Neto (PL), além de Marco Antonio Mastrobuono
(PTB).
Depois de
eleita em 1988 para o período 89/93, do século passado, teve uma administração
irretocável, com grande trabalho na periferia paulistana, voltada sempre para o
social, sem nunca deixar-se envolver com a fúria avassaladora do seu partido, PT,
que queria o controle da situação e nunca conseguido.
Por motivos
alheios a sua vontade, depois de 17 anos de militância no PT, 1980/1997,
filia-se ao PSB onde permanece até hoje. Portanto, pessoa de equilíbrio e
honestidade acima de qualquer suspeita.
Paulo Salim
Maluf, 80 anos, filho de ilustres migrantes libaneses, que tanto contribuíram
para o desenvolvimento da nossa terra, engenheiro, empresário, tendo exercido
vários cargos públicos no decorrer dos 52 anos de vida pública. Foi prefeito de
São Paulo, 1969/1971; secretário de transportes da cidade de São Paulo,
1971/1975; governador do Estado de São Paulo, 1979/1982; deputado federal,
1983/1987; retorno à prefeitura de São Paulo, 1993/1996; novamente retorna à
câmara federal, 2007/2011/atual.
Coleciona
10 derrotas, sendo 4 para governador do Estado de São Paulo,
1986/1990/19980/2002. Mais 4 para prefeitura da Capital paulistana,
1988/2000/2004/2008. E duas para presidência da República, 1985 (indireta) e
1989.
Esse
extenso “curriculum” proporcionou ao executivo político uma larga folha corrida
na execução de obras de engenharia de arte, na cidade, e Estado de São Paulo,
além de execução parcial do Metrô paulistano, terminal rodoviário do Tietê, o
Minhocão, elevado Costa e Silva, e duplicação de avenidas e estradas.
Após
acusação em vários escândalos, por corrupção, lavagem de dinheiro, e formação
de quadrilha, culminando com sua prisão, pela polícia federal, de 10/09 até
20/10/2005, por 40 dias. Paulo Maluf ainda é acusado, e o Jornal a Folha de São
Paulo revelou em 10/06/2006 a existência de 200 milhões de dólares, a favor
dele e da sua família, no paraíso fiscal das ilhas Jersey, ilha do canal da
Mancha, e teve seu nome incluído na difusão vermelha da INTERPOL (organização
internacional de polícia criminal).
Por esse
motivo ele, Paulo Maluf, pode ser preso em 181 países conveniados à
organização.
Portanto,
são duas histórias bem distintas, muito embora paralelas, quando não
acreditamos que possam se misturar numa mesma corrente, mesmo que seja
política.
A idéia do
vale tudo para se conseguir o poder é no mínimo constrangedor para seus
personagens, e para a própria nação. Por essas e outras razões ficamos
incrédulos diante de tantos equívocos e atitudes bisonhas em políticos tão
experientes, sem direito a erros primários, a não ser que julguem os
brasileiros como um bando de abestalhados, com diz o deputado federal Francisco
Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, eleito com 1.348.295 votos, ou 6.35% do
eleitorado paulista. Para desencanto de todos nós.
* Pombalense, escritor e poeta - Navegantes SC.
No vale tudo, sarcopenia da massa encefálica
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/19/2012 05:53:00 PM
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