Olha Pro Céu
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
É São João. A festa do sertão, do
Agreste, do Seridó, do Cariri, do Brejo, da Zona da Marta, do próprio Nordeste.
É tempo de pamonha, canjica, bolos de milho, milho assado e cozinhado, tapioca
de todo gosto e pé-de-moleque. E as meninas? Elas estão brincando de rodas. E
os velhos? Estão soltando balões. E os moços? Estão em volta à fogueira,
brincando com o coração.
Luiz Gonzaga não inventou as
festas Juninas ou Joaninas, mas sem dúvida, foi ele que com suas músicas
transformou intensamente esses festejos. Com suas marchinhas, criou toda uma
cultura das denominadas Quadrilhas Juninas, que ao longo do tempo conseguiu não
só agregar comunidades, mas também através da dança, levar alegria ao âmago de
um povo sofrido, mas forte por natureza.
Quando se aproximava o mês do São
João, o Brasil e principalmente o Nordeste aguardava ansiosamente o disco novo
do Rei do Baião. Com um repertório voltado para o baião, o xote, o xaxado, o
forró e marchinhas, Gonzaga embalava as festas do mês de junho. Foi ele que com
o seu canto tornou essa festa tradicional do Nordeste conhecida no âmbito
nacional, como também mundialmente. A visibilidade do São João, ainda hoje deve
muito ao Lua. Quantos mil empregos, quantas divisas em termos de comércio e de
turismo são criados em decorrência das festas Juninas? São tantos empregos, são
tantos cachês artísticos que merecidamente esse homem chamado Baião deve ser
sempre reverenciado.
É tempo de centenário do Rei do
Baião e, mesmo com seca, o Nordeste se enfeita, se organiza para acender suas
fogueiras. Não precisamos de plásticos e de Telós, basta um sanfoneiro pé de
bode, um triangueiro e um zabumbeiro, uma sala de reboco, um pote cheio de
cerveja, umas meninas, que o sertanejo logo faz sua festa, arrasta o pé e sob a
luz de lamparina entra pela madrugada e pega o sol com a mão.
É tempo de Caruaru se vestir como
a verdadeira capital do forró, fazer trinta dias de fole gemendo, numa alegria
continua e contagiante. É tempo da nossa Rainha da Borborema enfeitar-se toda,
receber por um mês, no seu Parque maior, todo o povo do forró.
Como diz Seu Luiz: “Olha pro céu,
olha pro céu meu amor, vê como ele está lindo. Olha pra aquele balão multicor,
como no céu vai sumindo. Foi numa noite, igual a essa que tu me destes o
coração. O céu estava, assim em festa, pois era noite de São João. Havia balões
no ar. Xote, baião no salão. E no terreiro o teu olhar, que incendiou meu
coração”.
*Escritor pombalense, Juiz de Direito da 5ª Vara Cível da Capital.
Olha Pro Céu
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/21/2012 04:43:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário