Senso e Contra-Senso
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
O
Brasil acaba de sediar a convenção do desenvolvimento sustentável, Rio+20, em
defesa de um planeta mais verde e menos poluído, com políticas de energias
renováveis e não poluentes.
Para
surpresa de todos nós, anuncia aumento dos combustíveis fósseis como a gasolina
e o diesel, apenas para os distribuidores, sem impactar os valores cobrados aos
consumidores.
Essa
atitude, olhando a olho nu parece até um gesto digno de elogios, entretanto,
procurando saber o resultado dessa ação chegamos a seguinte conclusão
lamentável: o Brasil está subsidiando combustíveis poluentes em detrimento aos
combustíveis renováveis, caso específico do Metanol, o nosso biocombustível ou
agrocombustível, produto idealizado,
projetado e produzido pelo Brasil, cuja tecnologia há muito tempo é copiado por
muitos países.
Essa
prática faz o Brasil perder R$420mi/mês, sendo R$220mi na venda da gasolina e
200 no diesel. Mais ainda, com a compra do petróleo e seus derivados no
exterior, ainda importamos o produto, somente este ano já perdemos R$750
milhões, entre a compra e a venda pela Petrobrás, apenas para não haver repasse
do combustível no mercado consumidor.
Há
outro agravante, o Cide (contribuição de intervenção no domínio econômico),
imposto sobre combustíveis e para incentivo ao investimento do transporte público,
nunca ocorreu repasse algum, que era de 25% em 2002, e por último estava sendo
cobrado um percentual de 2,7%, foi zerado, vinha sendo reduzido até chegarmos à
taxa zero de recolhimento, apenas para tentar enganar a população que a nossa
inflação está absolutamente sob controle, o que é uma falácia.
Essa
atitude do governo federal além de subtrair recursos da nossa economia em
benefício de produtos importados, condenáveis para sociedade que lutam pela
preservação do meio ambiente, ainda desestimula, desampara e inibe a produção
dos nossos biocombustíveis na proporção que importando produtos não renováveis,
inclusive com subsídios, faz a indústria nacional, no caso, as usinas
produtoras de álcool, não produzirem o produto em escala maior, dessa forma, o
produto sem uma oferta maior no mercado, elevando, portanto, seu preço ao
consumidor final. O resultado disso tudo é o sucateamento das nossas fontes
produtoras e a ineficiência dos automóveis que saem das indústrias
automobilísticas, 95% da produção de automóvel no Brasil é flex, adaptadas para
o consumo de combustíveis alternativos, praticamente obsoletos.
Nos
últimos 10 anos a indústria brasileira vem passando por um processo decadente,
concorrendo com produtos acabados, como um todo, com preços absolutamente fora
da realidade, nossos carros estão fora de competitividade, comparados aos
importados, principalmente pelo custo da nossa mão de obra que é, sem dúvida
alguma, uma das mais caras. A indústria pesada está agonizando exposta ao
descaso das medidas governamentais.
O
que efetivamente observamos são pacotes de medidas direcionadas a determinados
segmentos, quando isso ocorre é que a política é protecionista a determinados
setores, havendo a necessidade de intervenções cada vez mais urgentes sem uma
solução efetiva nos problemas do conjunto da economia. E quando há intervenções
setoriais é que nada vai bem, isso demonstra que não estamos imunes à crise
global, ao contrário do que dizem.
*Escritor
e Poeta
Senso e Contra-Senso
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/28/2012 06:09:00 PM
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