UMA NOITE DE GALA EM HOMENAGEM A GONZAGÃO E AO BAIÃO
Maciel Gonzaga |
Maciel Gonzaga*
Uma verdadeira noite de gala foi o que a Rede Globo de Televisão proporcionou ao Brasil na noite desta sábado (16) ao exibir um programa especial em homenagem ao Baião e aos 100 anos do nosso eterno Luiz Lua Gonzaga (o Rei do Baião). Se vivo fosse, Luiz Gonzaga teria completado 10 anos no último dia 13 de dezembro. Na homenagem estavam nomes como Elba Ramalho, Fagner, Waldonys, o humurista João Cláudio, Marina Elali e sua avó Iolanda (respectivamente neta e mulher de Zé Dantas), Alcione, Margareth Menezes, Quinteto Violado, Genaro, a sempre alegre Clemilda (com mais de seus 80 anos) e tanta gente boa, todos exaltando o nosso Baião.
Considerado um dos maiores expoentes da música brasileira, Luiz Gonzaga nasceu em Exu, no Sertão de Pernambuco, e andou por todo o país cantando as dores e as alegrias do Nordeste. “Gonzaga sintetiza na música a alma nordestina. Ele é um analista da alma do Nordeste, da alegria, da força desse povo”, define o jornalista Chico Pinheiro, mestre de cerimônias do programa.
É bem verdade que faltaram algumas figuras importantes que conviveram próximas de Luiz Gonzaga como Dominguinhos, Genival Lacerda, Joquinha Gonzaga (sobrinho do Rei), Marquinhos do Acordeom (afilhado de batismo de Gonzaga e filho dos também inesquecíveis Abdias dos 8 Baixos e da Rainha do Xaxado Marines), Gilberto Gil, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Alcymar Monteiro, Jorge de Altinho, além de membros da sua família.
Mas, o importante me tudo foi a maior emissora de Televisão do país e uma das maiores do mundo abrir o seu espaço em rede nacional para mostrar o trabalho do Rei do Baião.
Tendo convivido com Gonzaga quase como um filho e gravado dois discos, o cearense Raimundo Fagner vê no Rei do Baião a referência maior do São João no Nordeste. “A música de Gonzaga vai permanecer para sempre. Quando acabam os modismos, sempre tem Luiz Gonzaga na manga para se tocar. Eu tive uma relação de muita cumplicidade com ele, eu o adorava”, diz, com carinho, Fagner.
Como bem disse várias vezes neste Blogger de Clemildo o juiz pombalense Dr. Onaldo Queiroga, o nosso baião é eterno, pois a obra de Rei do Baião “constitui importante fonte de pesquisa para quem deseja conhecer a verdadeira História do Nordeste e de seu povo”.
Concordando com o amigo zootecnista pernambucano Jairo Melo, morador da cidade de Vicência-PE, um pesquisador da vida e obra de Luiz Gonzaga, em contato comigo faz sempre uma indagação: “Porque as emissoras de rádio do Nordeste, com raras exceções, não tocam a música de Gonzaga em suas programações diárias”? É vergonha do que? Ora, se duas teses de Doutorado, uma em Liverpool, outra em Oxford, já foram defendidas, tendo como base a vida e obra do “Rei do Baião”, respectivamente pelas professoras cearenses Elba Braga e Sulamita, porque não divulgamos mais o Baião, a exemplo do que faz os Estados Unidos com Elvis Presley e Frank Sinatra?
Para o folclorista Luiz da Câmara Cascudo o Baião é a fiel expressão da música nordestina do sertão, que nasceu sob a influência do cantochão (canto litúrgico da Igreja Católica) dos missionários, brotando das violas, das sanfonas de oito baixos, das zabumbas, dos pífanos dos homens rústicos. Está associado aos termos baiano e rojão. O Baião influenciou também gerações mais novas de artistas como Gilberto Gil e Raul Seixas, que realizaram a sua fusão com o Rock, criando o baioque. Resta-nos, pois a grande lição da rede Globo, se o Baião serve para atrair audiência à nível nacional, porque não serve para as emissoras de Rádio nordestinas?
*Pombalense, jornalista, advogado, professor. Natal – RN.
UMA NOITE DE GALA EM HOMENAGEM A GONZAGÃO E AO BAIÃO
Reviewed by Clemildo Brunet
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6/18/2012 08:31:00 AM
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