Embrulhos ou Pacotes
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
A
economia mundial passa por um processo de retração com um quadro de profunda
instabilidade, tanto no setor produtivo como no comercial.
Nos EUA a incerteza
é generalizada, o atualpresidente, Barack Obama, tem se esforçado para que o
atual panorama não reproduza efeitos devastadores iguais ou piores que os de
2008, naquele momento da bolha imobiliária, com desequilíbrio no mercado
financeiro mundial e a conseqüente quebra de várias instituições financeiras.
Na
Europa a situação é mais preocupante, países como Portugal, Espanha, Itália e
Grécia, alimentam a cadeia neurótica com aguda depressão coletiva provocada
pela estagnação atual e a falta de perspectivas para o futuro, levando no arrasto
outros países, principalmente os afetados e que fazem parte da zona do euro.
Os
asiáticos já não andam tão eufóricos, com o consumo mundial em declínio, começa
a faltar capacidade de compra no mercado externo, pior, internamente também,
principalmente a China, desacelera suas importações de insumos industriais,
automaticamente produzindo menos, com queda nas suas exportações.
Com
os asiáticos em crise torna países exportadores, para aquele continente, afetados
e vulneráveis. No caso específico do Brasil, um dos maiores exportadores de
commodities para a China, sente sua balança comercial declinar. Pois, se as
exportações vão mal, além da China, com desaceleração na produção, somos
afetados ainda pelos baixos preços aplicados nas commodities, para outros
países, lembrando, quando a oferta é maior que a procura esse fator de
desequilíbrio é normal.
Esse
fato aliado ao esgotamento da capacidade de endividamento das famílias
brasileiras nos deixa no mínimo num estágio de alerta. Mesmo com a queda dos
juros e a ampliação dos créditos, essa política não tem animado muitos os
nossos consumidores que estão mais cautelosos.
O
atual governo tem procurado manter nossa economia aquecida, tem se empenhado
nesse sentido, seu intento está sendo conseguido até agora, muito embora as
dificuldades estejam aumentando na proporção que avança a incerteza no nosso
mercado interno.
O
grande problema é que o governo tem tratado nossa economia por setores, como se
fosse um paciente na UTI quando é dado um tratamento de choque procurando
manter ou prorrogar a vida na tentativa de se achar, em seguida, um
procedimento medicamentoso para a definitiva cura. Foi implantado alguns
pacotes, um total de 8 (oito), no atual governo, com contornos de embrulhos,
direcionados à determinados segmentos, nunca atingindo o todo. Isso privilegia
alguns empresários, ou empresas, que são beneficiados naquele momento.
Entretanto, cada intervenção do governo, resolve-se uma situação localizada,
estourando outras situações emergenciais, em outros setores, e a necessidade de
nova intervenção por parte do governo.
O
último pacote, de R$8.4 bilhões, foi canalizado para a compra de caminhões,
ônibus e carteiras escolares, e equipamentos para nossa força armada. Hoje já
temos outros mercados carentes de recursos para não entrarem em crise profunda.
A indústria de bens duráveis, máquinas e equipamentos industriais, é um
exemplo, que no período de maio/2011 e maio/2012, teve um encolhimento de 12%,
contribuindo para uma desaceleração de 4.5%, no mesmo período, em toda nossa
produção industrial. Ao dólar foi debitado o insucesso do período pelo seu
baixo preço, vinha mantendo um patamar de R$1,50 a R$1,60, entretanto, de
fevereiro até maio último o dólar subiu 22%, mantendo-se num patamar alto, ou
seja, em torno de R$2,00. Esse fato demonstra que o dólar não tem culpa da
nossa crise setorial. O que realmente ocorre é a falta de uma política mais
abrangente e coerente, na horizontal, fazendo o mercado mais competitivo e em
crescimento, como um todo, e não segmentado.
*Escritor
e Poeta
Embrulhos ou Pacotes
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/09/2012 08:10:00 PM
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