Atitudes Incoerentes
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
Fechamos o mês de março com a rotina dos
últimos tempos e os fatos sinalizando a seqüência de dias piores, não obstante
aprovações de leis tão necessárias e de efeito social abrangente na segurança e
tranqüilidade de muitos. O congresso nacional aprova a lei igualitária. A proposta amplia os direitos dos prestadores de serviços
domésticos, vai facilitar a vida dos cuidadores de idosos ou enfermos e
outros
profissionais que prestam serviços às pessoas físicas. No campo da segurança
a lei Carolina
dieckmann foi promulgada e certamente trará mais luzes
ao meio jurídico, inibindo ações de pessoas inescrupulosas que agem no mundo cibernético com invasão da privacidade do
cidadão, subtraindo valores de patrimônio representado em contas bancárias
operadas via internet.
A
turbulência com a agitação, e o clima desfavorável, no próprio congresso
nacional, por conta ainda da presença nas presidências do senado, Comissão de Direitos Humanos e
Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados , representados pelo
senador José Renan Vasconcelos Calheiros (PMDB/AL), Henrique Eduardo Lyra Alves (PMDB/RN) e Marco Antônio Feliciano (PSC/SP),
respectivamente. Esse último com pedido de
processo de decoro parlamentar por Parlamentares do PSOL e do PPS, e
deputados do PT pediram a anulação da eleição da eleição para a presidência da
comissão. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara decidiu restringir, ontem
(03), o acesso do público às reuniões, essa atitude não parlamentarista gerou
mais tumulto por parte de manifestantes, que continuam insistindo na derrubado
do presidente da comissão.
Essa situação cria incertezas na discussão da
reforma política que virá pela frente, entre os dias 9 e 10 do corrente. Vários
pontos serão discutidos. Existe uma proposta do deputado Henrique Fontana
(PT/RS), dividida em duas partes em um projeto de lei (PL), constante em duas
propostas de emenda constitucional (PEC). O (PL) cria o financiamento público
exclusivo para as campanhas mudando as regras do sistema eleitoral. Enquanto as
duas (PECs) terminam com as coligações partidárias nas eleições proporcionais,
unificando no mesmo anos as eleições gerais, de vereadores ao presidente da
república.
O financiamento público discutirá a extinção
do sistema atual, substituído por novas normas estabelecidas pela Justiça
Eleitoral e o Congresso. A figura do cabo eleitoral continua, com regras
específicas, e a militância será mantida.
O voto em lista flexível, é um novo sistema,
continua a opção do voto nominal, no candidato, mudando o voto de legenda, a
sigla partidária apresenta uma lista de candidatos que serão beneficiados pelo
voto em legenda, seguindo a ordem decrescente da relação apresentada.
No item que trata da democracia participativa
há uma redução do número de assinaturas, exigência de um projeto de lei, caindo
para 500 mil. Hoje para se criar uma proposta de emenda Constitucional (PEC) se
faz necessário 1% do total de eleitores ativos.
Tivemos terça-feira (02) a eleição para a
presidência do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, sendo eleito o deputado Ricardo Izar Júnior
(PSD/SP),
contrariando todas as expectativas do governo que tinha um compromisso com o
deputado MARCOS ROGÉRIO
DA SILVA BRITO
(PDT/RO), e o eleito furou as negociações, gerando desconforto, inclusive para
o presidente da Câmara, ficando patente sua falta de liderança, que tinha feito
a negociação e o compromisso entre o governo e o partido derrotado.
Isso posto é de se notar que somente na
articulação política o governo terá bastante trabalho para atravessar essa fase
de atitudes incoerentes na sua base de apoio quando o discurso não condiz ou
reproduz as atitudes de seus líderes, e a insistência dos seus aliados em
manter em evidência pessoas que não justificam o esforço empreendido mesmo que
seja para manter cacife político visando eleições para 2014.
Além desse quadro político epidêmico, sem
nenhuma uniformidade, consistência, e de desalento, no que diz respeito à
hegemonia nas causas pró governo. A equipe econômica foi surpreendida no
encerramento e fechamento dos dados de fevereiro, quando se verificou a queda inesperada na área produtiva do país
em 2.5%. Esse quadro superou todas as expectativas do mercado quando havia uma
esperança na manutenção do crescimento ocorrido em janeiro e não confirmado no
mês seguinte, esse índice anula o resultado positivo do mês anterior, por
conseguinte, ocorreu uma contração na produção de 3.2% comparação com
fevereiro/2012.
Essa
situação de desconforto generalizado Além desse aspecto negativo, há o
recrudescimento da inflação que insiste em permanecer em índices positivos,
além do esperado. Outro problema que traz preocupação é a balança comercial,
apresentou um déficit acumulado de US$5,15 bilhões, comparado ao igual período
do ano de 20121, quando o país tinha apresentado um saldo positivo de US$2,419
bilhões. Esse
quadro degenerativo da economia gera desconfiança nos investidores do setor
privado que não acreditam no sucesso do gerenciamento por parte dos executores
do governo, principalmente por tentar fazer uma política de crescimento
produtivo baseado, principalmente, nas desonerações setoriais, privilegiando
alguns grupos, em detrimento ao mercado como um todo.
Já há alguns profissionais da área econômica
pondo em dúvida na eficácia como gestora da presidente Dilma Vana Rousseff.
Esses desacertos só geram acidentes de percurso e intranquiliza a todos nós que
apesar de críticos ao atual modelo, apostamos e acreditamos no país, qualquer
que seja a ideologia política do partido ou partidos que representam a situação
e sustentação à governabilidade.
Acho até que o governo devia agradecer aos
seus críticos e opositores, pois, eles estão fora do sistema e tem mais
facilidade em ver os problemas com mais clareza. Os seus sempre apoiadores
estão a fazer elogios, mesmo que nos erros, isso pode tornar a situação
insustentável e de desmoronamento de um projeto que foi tão bem conduzido durante
oito anos, quando a equipe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(2002/2010), soube dar continuidade ao Plano Real, vindo dos governos Itamar Augusto Cautiero Franco (1993/1994), e
Fernando Henrique Cardoso (1995/2002). Ficando os dois últimos anos do governo
PT tentando fazer uma administração de continuidade sem uma base mais sólida, sem
reformas ou ajustes na área econômica, apenas nas justificativas de acertos
futuros. Tem que haver clareza no que se quer, é preferível um desengano a
tempo que um projeto final que não deu certo, o sucesso só ocorre por inteiro com
o resultado do desenvolvimento, refiro-me ao desenvolvimento de todos os
setores.
Toda hora é hora de recomeçar, refazer as
contas, os caminhos e os objetivos, mas ela só vai acontecer positivamente
quando o amor pela pátria for superior ao amor pelo poder. Sem pieguice, sedo
apenas objetivo na observação, tentando ainda alertar, para o medíocre qualquer
acerto no progressista e nacionalista é mera premunição sem cunho científico;
mais ainda, para os incompetentes e inconseqüentes, tudo que vem dos
positivistas não presta.
*Poeta e Escritor pombalense
Atitudes Incoerentes
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/04/2013 11:31:00 AM
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