A CRIANÇA QUE FUI... A CRIANÇA QUE SOU...
Clemildo Brunet |
Clemildo Brunet*
Todos nós fomos criança um dia ou ainda
somos em alguns aspectos de comportamento. Agimos como adultos, mas também,
muitas das vezes estamos nos portando como criança. Determinado dia Jesus falou
para adultos de sua época, que serve também de ilustração para nós nos dias
atuais. Ele disse: “Mas a quem hei de comparar esta geração? É
semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos companheiros: Nós vos
tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações e não pranteastes”. Mt
11:16,17.
A questão levantada não era nada mais
do que a dubiedade das pessoas no modo como Jesus cumpria sua missão em
detrimento ao que seu precursor pregara. João Batista não comia e nem bebia vinho, taxaram-no que tinha demônio e de Jesus disseram: ...”Eis aí um glutão e bebedor de vinho,
amigo de publicanos e pecadores”!
A criança que fui com suas múltiplas
manifestações já não é a criança que sou. Senão vejamos: O mundo tem invertido
os valores. A criança de tempos passados recebia a educação de seus pais, que a
orientavam para vida, ensinando os bons modos, a ética e o respeito pelos
idosos. A criança que fui tinha a criatividade de ser mentora de seus próprios
brinquedos. A menina fazia sua boneca de pano, construía em seu mundo infantil
uma casa, desempenhava o papel de mãe, enfermeira e cozinheira, na singeleza
dos instrumentos que utilizava como símbolos do lar.
A criança - menino que fui era
interessada em jogar bola, fazer carrinho de mão, andar de velocípede ou
bicicleta, brincar com bolas de gude, girar pião etc. A brincadeira
inconsciente era prática de exercícios. Um pneu velho ou um tonel vazio serviam
de instrumentos para corridas. Correr empurrando o pneu velho ou fazer aposta
pra quem ia mais longe em cima do tonel vazio.
Eu aos cinco anos |
A criança que sou foi mal orientada,
exigente com pais, tudo que ver quer comprar, esperneia por um brinquedo que
quer adquirir ainda que os pais não possam dar. Não respeita, nem dar-se ao
respeito, nem tão pouco considera os mais velhos, porque nunca aprendeu os bons
costumes.
A criança que fui me faz lembrar que
brincar era mais solto e leve, pois o espaço da rua era nossa predileção.
A criança que sou vive presa em áreas
apertadas dos condomínios, não existe campos de futebol, só lhe sobra às
quadras de escolas e de clubes.
A criança que fui qualquer objeto
servia para diversão. Um par de rolimãs usado era fácil de achar em uma oficina
mecânica e a madeira do assoalho pra fazer o carrinho rolar se conseguia sem
dinheiro em qualquer madeireira.
A criança que sou é ter como brinquedo
o vídeo game, a televisão substituindo a família, a internet como instrumento
altamente perigoso para se relacionar. A criança que sou vive o tempo das
competições sem se importar com os meios utilizados, entregues a babás para
abafar o choro e evitar questões de conflitos com os pais.
Conclusão:
Estou entre a cruz e a espada, pois o
avanço tecnológico desses tempos pós-modernos, me deixa na dúvida – ‘já não
sei se sou a criança que fui... ou a criança que sou...’
Pombal, 12/10/2013
*Radialista, Blogueiro, Colunista
A CRIANÇA QUE FUI... A CRIANÇA QUE SOU...
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/12/2013 06:15:00 AM
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