Espera-se o começo de novos tempos
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
O Brasil comemorou
a morte do líder negro, Zumbi, que teve um ato de heroísmo na resistência, no
Quilombo dos Palmares, enfrentando os poderosos à época, em condições adversas,
contando com uma minoria despreparada e sem armas compatíveis que o momento
exigia, mesmo assim, aquela gente deu uma demonstração de garra, usando a fé e
esperança na busca de melhores dias.
Hoje o Brasil
instituiu dia 20 de novembro como o dia da consciência negra, uma reconhecida
homenagem ao líder maior da liberdade, contra a escravidão, se constituindo num
dos baluartes da libertação dos escravos depois de muitos anos. Zumbi foi sem
dúvida referência para a minoria negra que vivia em nossas terras.
A consciência negra
deveria ser uma homenagem não apenas aos homens de pele negra, mas a todos os
que pertencem uma minoria e convivem com uma sociedade preconceituosa como a
nossa, que se sentindo maioria, procura menosprezar os numericamente inferiores.
É o caso dos negros, pobres, homossexuais e etnias das mais diversas. Sou
testemunha do preconceito desumano, da descriminação por parte de alguns
elementos que hipocritamente se sentem superiores a outras pessoas apenas por
terem a cor da pele com menos pigmentação, fazendo disso um privilegio, aspecto
meramente casual, ou condição social que ostentam ao desfilarem com seus
adereços representados por roupas, joias, carros e até moradias luxuosas, em
muitos casos sem a presença de nenhuma harmonia e por muitas das vezes de
origem duvidosa.
Já são passados 318
anos e somos compensados com a presença, entre nós, de um bisneto de escravo,
com sua coragem e altivez, investido de toda sua competência e capacidade,
revestido da autoridade que o cargo lhe compete, na Presidência do STJ (Supremo
Tribunal Federal), Joaquim
Benedito Barbosa Gomes, num gesto de coragem e determinação, pela primeira vez
na história republicana de nosso país, no regime democrático de direito,
políticos, autoridades e poderosos capitalistas banqueiros, pertencentes ao
partido que governa o país, ou partidos da base aliada, são presos, recolhidos
às celas, depois de condenados pela justiça do nosso país, por práticas diversas
contra o erário.
É evidente, há muita gente descontente com o gesto
do presidente do STF, alguns dos condenados se sentem injustiçados, alegações
diversas, o partido situacionista (PT), alega que está sendo condenado por ser
um partido do povo, portanto, as elites não aceitam o seu sucesso, esquece o
próprio (PT) que os condenados são vítimas das suas próprias atuações
vergonhosas, na tentativa de usar o dinheiro público num projeto de governo, o
que é ilegal e imoral, a grande maioria dos juízes, que os condenaram, foram
indicados pelo governo petista, ficando sem fundamento as alegações nesse
sentido.
O fato da existência de um mensalão mineiro,
anterior ao do (PT) e pertencente ao (PSDB), não anula o final trágico para o
partido governista que tem agora elementos da antiga diretoria trancafiados por
atos nada republicanos e recolhidos em cadeias condenadas até mesmo pelo atual
Ministro da Justiça José Eduardo Martins Cardozo,
quando afirmou que não ficaria um único dia num presídio brasileiro, pela sua
inabitabilidade. Espera-se, com esse exemplo as mudanças ocorram, que os
desmandos suprapartidários sejam efetivamente combatidos, os culpados, os
verdadeiramente culpados, sejam julgados pela nossa justiça e os resultados
respeitados por todos nós.
O que se espera é a mudança que
possa ser advinda dessa situação, a certeza que fica é que não há mais espaço
na nossa política para políticos de má fé, de homens inescrupulosos, de gestos
ímprobos que possam provocar prejuízos e desmandos aos cofres públicos, a presença
de pessoas que pensem em si em vez de pensar no coletivo, na comunidade e no
bem estar social.
O que efetivamente esperamos é o
expurgamento de pessoas sem nenhum caráter na administração pública, que
comecemos a ficar livres dessa gente, e que o Brasileiro tenha aprendido a
lição e faça uma reflexão na hora de votar na próxima eleição procurando fazer
uma seleção dos seus favoritos, independente de partido, mas de passado
ilibado, que esteja mais próximo do perfil desejado.
Quem não se lembra da famosa frase do mais ilustre político,
um dos mais brilhantes oradores do Congresso Nacional, o Águia de Haia, Ruy Barbosa de Oliveira
(1849/1923): “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto
ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Espera-se o começo de novos tempos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/22/2013 06:55:00 AM
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