O Desconhecido
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
O homem teme o desconhecido? Quem não já
sentiu um frio correndo dentro do seu intimo, quando no escuro da noite o
silêncio é quebrado por um ranger de porta? Nesta hora o pensamento corre
léguas num só instante. Na imaginação do homem aquele pequeno barulho gera
muitas suposições, desde um ladrão a uma alma penada, a um gato que passou pela
porta abrindo-a lentamente, ou quem sabe se não fora o irmão que dormia no
quarto ao lado que resolvera ir até cozinha.
O fato é que quando o ser humano não possui o
efetivo conhecimento sobre determinada coisa ou situação, que lhe possibilite
estar sob o comando, sem dúvida, que a vulnerabilidade lhe toma conta. É inegável o medo do desconhecido. Se
estivermos num local sozinho e
ali chegar uma pessoa estranha e mal encarada,
logo somos acometidos de uma insegurança interior enorme, que nos remete a
rapidamente a buscar sair daquele lugar.
Mas o desconhecido também tem morada nos céus
da noite, que com sua escuridão, com suas as estrelas e a sua branca lua,
promove no âmago do homem uma visão prospectiva daquela imensidão de
insondáveis indagações e que, sem dúvida, lhe põe temores. Ali o desconhecido
se deita, dorme e instiga a curiosidade do ser humano, que através das asas do
pensamento viaja por lugares inimagináveis, por exemplo: Na calda de um cometa
voa pela órbita lunar, por marte, penetra em buracos negros e até na volta
aceita uma carona em um disco voador. Na madrugada ele (o desconhecido) despede
o frio e descortina a luz do amanhecer, trazendo no alvorecer - o dia que chega
com seu imenso azul, mas que, no entanto, às vezes também permite nuvens
fechadas, que sob o ritmo de raios e trovões despejam águas desconhecidas para
arrastar barragens, plantações, animais e o próprio homem.
O desconhecido galopa faceiro em meio aos
ventos dos desertos. Quentes durante o dia e extremamente frio no bafejo
noturno, o vento trás consigo o mistério de lugares distantes, levanta poeira,
remove areia que encobre civilizações e culturas, ocultando do olhar humano o
que era conhecido em tempos idos.
Mesmo sabendo que o desconhecido muitas vezes
não pode ser visualizado, pois sempre reside após a linha do horizonte, ou
mesmo logo após a próxima curva a ser vencida na estrada vida, o homem
dia-a-dia busca dar um passo à frente visando, a cada momento, entender o
mistério da vida.
Como o universo, as profundas das águas
oceânicas, com seus vales, serras, imensos penhascos e vidas próprias, ainda,
não permitem serem visualizadas integralmente pelo olhar inquieto do homem.
O desconhecido que circunda as Pirâmides
Egípcias, deve ainda permear com interrogações, por um bom tempo, à mente
humana. O homem se cuidar bem do seu habitar, talvez encontre no tempo, tempo
para abraçar o desconhecido, e quem sabe, assim, também possa nele encontrar a
paz no seu existir.
*Escritor Pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível
de João Pessoa PB. - onaldoqueiroga@oi.com.br
Gravura de Antonio
Cláudio Massas Ximenes
O Desconhecido
Reviewed by Clemildo Brunet
on
3/05/2015 08:21:00 AM
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