Nosso presente denigre o passado de glória
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
A sublevação de
alguns líderes do PMDB, provocando uma reviravolta na base aliada, de apoio ao
governo federal, em outros tempos e com outras cabeças pensantes, cuja ausência
é sentida pelos brasileiros que ainda acreditam no poder político, certamente
teríamos uma consistência absoluta e a certeza do começo de uma luta em busca
da consolidação das conquistas Democráticas. Entretanto, sem eufemismo,
trata-se da posição de uma ala, banda podre, da base aliada governista, que
sempre esteve ao lado do poder, independentemente de quem estivesse no comando,
se de direita, esquerda, centro, socialismo, comunismo, ideologia não é
problema, o que interesse aos apegados ao poder é ficar no centro das decisões,
e
gozar das benesses que o poder proporciona.
Tivemos um tempo de
luta, e não faz muito tempo, quando era perigoso pensar, imagine falar ou
escrever, já não temos uma ditadura militar, apesar disso, temos ventos
camuflados nas masmorras do tarouquice, onde se usou da própria Democracia para
se chegar ao poder, hoje usa-se o caráter tredo para privilégios oligárquicos,
em detrimento de conquistas coletivas alcançadas nos últimos 30 anos. Por
mazelas de embusteiros, esses, consequentemente, vão entrar para a história
pelo que patrocinaram em desfavor do povo brasileiro, principalmente aos menos
favorecidos e as classes que tanto necessitam da participação do governo nos
serviços sociais e no alcance coletivo, porém, e principalmente por causa
desses meliantes, nos encontramos numa situação vexatória e de penúria.
O descalabro ocorrido
por militantes da corrupção, na gestão anterior, deixa-nos sem muita opção, há
uma movimentação em curso, principalmente pelo novo mentor da economia
nacional, Ministro Joaquim Levy, a quem foi delegado a responsabilidade de
fazer o conserto dos fundamentos econômicos, com a incumbência de tirar o país
do atoleiro da mediocridade, com medidas estruturantes, voltadas ao estímulo do
desenvolvimento, sem o delírio da megalomania, tentando segurar a inflação em
patamares razoáveis, mantendo o consumo numa realidade de mercado, sem levar o
consumidor a um sonho de consumo inconsequente, cujas perdas futuras dar-se-á
no bolso do próprio consumidor, não tendo poder de compra entra num crédito, já
estrangulado pelo alto endividamento, cujas taxas são exorbitantes e
impraticáveis, uma pratica recorrente e alimentada com resquícios de
imponderáveis exercícios de caridade humana, no primeiro mandato do governo
Dilma, cujas consequências danosas e desastrosas são de conhecimento de todos.
Essa semana,
historicamente, é montada de datas compostas de grandes feitos pelos ilustres
brasileiros que no decorrer dos anos e séculos, fizeram o Brasil ser respeitado
e respeitável pelo brilho e a inteligência dos nossos antepassados. Minas
Gerais se faz presente em tempos diferentes, mas com a mesma competência de
sempre; a Inconfidência Mineira, lembrando a morte de Joaquim José da Silva
Xavier (Tiradentes), lutando pela liberdade do país do jugo português;
Inauguração de Brasília, pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, e
o falecimento do também ex-presidente Tancredo de Almeida Neves, o feito desse último mineiro é
lembrado pela sua luta na redemocratização, durante ditadura militar, junto com
outros não menos ilustres, que compõem a historia de competência e brasilidade
de nossa gente.
Infelizmente não
temos muito coisa a comemorar nos dias atuais, pela nossa história recente. Um
país de joelhos orando para sair de uma crise moral, ética e política; um povo
sem esperança de uma solução rápida; um governo déspota, terceirizando suas
principais tarefas e incumbências, por absoluta falta de competência e gestão,
sem o menor crédito à opinião pública, com alto índice de rejeição; uma classe
política envolvida com o escândalo da Petrobrás, e outros tantos que vão sendo
desvendados, enquanto grande parcela de políticos atuantes, e da base
governista e mesmo oposicionista, estão sendo investigados pela Polícia e
Justiça Federal; uma indústria sucateada e sem competitividade, descapitalizada,
com a força da sua mão de obra arrasada pela onda de desemprego que assola e
maltrata o operariado, o mesmo operário que sente seu poder de compra ser
achatado pela inflação que retoma sua força avassaladora, destruindo sonhos e
desejos, dos jovens aos anciões.
Uma tragédia
conhecida e escondida pelos governantes mal intencionados e levados apenas por
uma ação puramente eleitoreira e demagógica, em busca da manutenção do poder.
Agora, o governo é forçado a por em prática uma política condenada por ele, mas,
sem alternativa, sente-se na obrigação de adotá-la, com apoio de material
humano advindo da oposição, numa tentativa de fazer um realinhamento na
politica econômica, uma realidade triste para uma parcela de políticos que se
sentia superior a tudo e a todos, inclusive, com discurso moralista, porém,
desfeito pela atuação de membros do seu núcleo.
Enquanto o executivo agoniza no mar de lama da sua gestão, o
legislativo vai construindo pontes com aprovações de leis buscando alternativas
viáveis para a retomada do crescimento; esperamos que essa atitude seja
realmente um projeto alternativo e duradouro, com fins de governabilidade, não
apenas uma forma de pressionar o executivo a lhe abrir mais espaço na
administração central, em nome do dando que se recebe. Nesse novo tempo que
estamos vivendo, com conotações de
sesmarias e entonações enfiteuses, modelos “démodés”, desbotados pelo tempo e
desuso, ficamos incrédulos naqueles que deveriam inspirar confiança e esperança,
infelizmente, o comportamento das autoridades nos leva ao ceticismo profundo à
qualquer gesto que venha em benefício do povo. Disse James Lowell: “Um ceticismo prudente é o primeiro
atributo de um bom crítico”.
*Escritor e
Poeta
dantasgenival@hotmail.com
Nosso presente denigre o passado de glória
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/23/2015 06:04:00 PM
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