Escolhas difíceis
Rinaldo Barros |
Rinaldo
Barros*
O homem contemporâneo conquistou grande
número de direitos, impensáveis para sociedades anteriores. Era comum aos
governantes realizarem suas vontades e disporem de seus súditos como bem
entendessem.
É exatamente o desvirtuamento das
políticas por algum “déspota” que pode pôr em perigo as conquistas populares,
ainda bem recentes. Na Democracia, a alternância de Poder é imprescindível para
que novos métodos políticos e administrativos sejam introduzidos.
É vazia a sugestão de que a permanência
por mandatos seguidos seria reconhecimento por obra feita e
A Democracia não é perfeita, nem é o
processo mais rápido. São necessárias muitas décadas para que mudanças
concretas sejam operadas, e geralmente, as vantagens destas mudanças não são
percebidas por todos.
Outra maneira de frustrar a verdadeira
alternância é o próprio governo desistir de seu programa de mudanças no meio do
caminho. Tal como vivenciamos com o governo Dilma, que se reelegeu mentindo.
Recentemente, o jornal O Estado de São
Paulo, em seu editorial, relembrou:
“Decisões governamentais, especialmente
aquelas adotadas em períodos de crise, são necessariamente políticas, mas sua
pertinência e eficácia estarão condicionadas à observância de fundamentos da
boa prática econômica, pela razão óbvia e inelutável de que, sem esses
fundamentos, um país não alcança seu potencial de desenvolvimento.
Ignorar princípios econômicos para
alimentar seus projetos de poder foi a irresponsável inversão de valores que o
lulopetismo cometeu com sua voluntariosa “nova matriz econômica”.
O resultado dessa aventura é a profunda
crise em que o País está mergulhado. Para os defensores da tal “nova matriz”, a
justiça social é apenas questão de vontade política.
Mas vontade política, por si só, não
cria riqueza.
Até há pouco o lulopetismo conseguia
vender a ilusão de que o Estado pode “distribuir” riqueza antes de oferecer as
condições para que ela seja criada. Hoje o País paga o preço dessa mistificação
eleitoreira”.
O grande desafio político de Michel
Temer é, arrostando interesses pessoais ou políticos de muitos que se
apresentam como seus aliados mais próximos, assumir as medidas impopulares, mas
indispensáveis ao saneamento financeiro do aparato estatal. São medidas que,
além de permitir a compatibilização de despesas e receitas num prazo
previsível, promovam a cuidadosa reestruturação dos institutos que disciplinam
as despesas governamentais, para evitar seu descontrole mais à frente. Não deve
brigar com os fatos.
A propósito, a meta mais ambiciosa de um
governo democrático não pode ser a de criar, manter e ampliar indefinidamente
programas sociais, mas de trabalhar para que eles um dia se tornem
desnecessários.
Nossa tradição de mudanças sempre foi
feita de cima pra baixo. A Independência foi um destes casos. A Proclamação da
República segue o mesmo padrão, onde a participação popular foi nula.
Atualmente, com um cenário herdado de
corrupção sistêmica, alta de juros, dólar e inflação nas alturas, desemprego
crescente, famílias endividadas, insatisfação popular crescente, greves de
diversas categorias profissionais, vácuo de liderança, ausência de governabilidade,
e investidores fugindo do Brasil; com o fortalecimento dos movimentos de rua
convocados pelas redes sociais; a alternância de Poder está na Ordem do Dia. O
patropi vivencia momentos de escolhas difíceis, mas indispensáveis.
Antes de melhorar, ainda vai piorar um
pouquinho. Quando melhorar, todos já terão esquecido as cotas e as bolsas da
“nova matriz econômica” do PT governo, ninguém mais lembrará do lulo-dilmismo.
*Rinaldo Barros
é professor – rb@opiniaopolitica.com
Escolhas difíceis
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/12/2016 08:20:00 AM
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