PATRIMÔNIO HISTÓRICO: PRESERVAR É PRECISO
Francisco Vieira |
Francisco
Vieira*
É
sabido que o homem unido aos fatos constrói a história e faz dela seu maior patrimônio.
No
Brasil, pouco se valoriza essa riqueza cultural. É grande o desinteresse da
população e o descaso dos poderes públicos no tocante a preservação desse
importante legado.
A
sociedade atual, ligada a mudanças, busca o novo em detrimento do velho.
Esquece que o passado envelhecerá amanhã e será também esquecido. A cada
novidade que surge, algo antigo é descartado pelo homem que perdendo sua estima
é lançado nas malhas do ostracismo destruindo a história.
Cada monumento
em ruína, um edifício que desaba, uma praça a mercê da ação de vândalos ou um
morador que deixa esta vida é parte do passado que se esvai, história que se
aniquila.
Preservar
o patrimônio é mais que necessário, é indispensável. Consiste em resgatar
personalidades, acontecimentos e
Pombal,
primeira povoação do sertão paraibano, cumula rico contexto histórico e ostenta
incomparável beleza arquitetônica. Contudo, não foi poupado da omissão das
autoridades, da insensatez da população e até de alguns filhos da terra – o que
é pior - que assistiram indiferentes a destruição de importantes capítulos de
sua história. De braços cruzados, numa incompreensível inércia, nada fizeram
para evitar a inexplicável demolição do Ginásio Diocesano, Grupo José Avelino,
Cine Lux e outros mais, apagando importantes páginas do nosso passado singular.
A propósito, salvaguardamos os escritores Wilson Seixas, Antonio de Sousa,
Verneck Abrantes, Jerdivan Nóbrega, Inácio Tavares e outros mais. Pombalenses como
eu, fiéis escudeiros na defesa da preservação do nosso patrimônio histórico e
cultural.
As recordações
me chegam com saudades e o gosto amargo de tristeza e revolta. Numa omissão criminosa,
assistimos o Grupo Escolar “Cel. José Avelino” ou ”Grupo do Rói”, por não resistir
ao mais completo abandono transformar-se em ruínas. Ato igualmente pecaminoso
deu-se com o Ginásio Diocesano. Como que “tirando o chapéu de uma cabeça para
cobrir outra”, vimos sua destruição ceder o espaço para a construção da Escola
Polivalente, além do fechamento do Colégio Josué Bezerra – antes Colégio das Freiras - e a inexplicável
transferência da quase secular Escola “João da Mata” para a periferia com a
finalidade de abrigar a Regional de Ensino.
Semelhantes fim
tiveram o DNER, o Dispensário “Janduhy Carneiro” e a Brasil Oiticica,
importante indústria de óleo da qual resta só mesmo a chaminé, graças a uma
acão popular e a justiça que em respeito ao valor histórico-cultural garantiu
sua permanência.
Como saudosista incontinenti
me volto ao passado relembrando a cidade antiga. Retornando no tempo busco em
vão o Cine Lux que após 35 anos de atividades fechou suas cortinas deixando
para trás quase quatro décadas de lazer, diversão e histórias de amor. No
passado, uma referência, no presente, um patrimônio na lembrança e no coração
de cada filho de Pombal.
Em vão, procuro também
uma explicação convincente para a derrubada da Casa do Altinho de D. Neca,
matriarca da Família Queiroga, hoje reduzida a pó. O casarão secular, além de
abrigar os primórdios da ilustre família pombalense ainda serviu de cenário
para o filme Fogo: O Salário da Morte, primeiro longa metragem produzido na
Paraíba.
Contudo, Pombal
mantém fortes vestígios de sua grandeza histórica. Ainda permanecem casarões
seculares que unidos as praças do Centenário e Getúlio Vargas, Igrejas do
Rosário e Bom Sucesso, Cadeia Velha, Escola João da Mata, Ideal Clube, Coreto e
Coluna da Hora, formam seu cartão postal, quiçá, o mais belo e gracioso do
estado.
Vale lembrar que
o patrimônio histórico não se resume a edificações de elevado valor material e
estético, mas a tudo que nele está contido, como fatos, personagens, costumes e
tradições. Significa sentimento, qualidade de vida, cidadania e história de um
povo ou nação.
Mesmo sensível a modernidade e afeito a mudanças, o homem não se desvencilha de suas origens, do seu passado, nem se isenta da responsabilidade com o antigo. Assim, cada pombalense é parte de um todo chamado Pombal onde construímos nossa história, legado que deixamos para novas gerações.
Mesmo sensível a modernidade e afeito a mudanças, o homem não se desvencilha de suas origens, do seu passado, nem se isenta da responsabilidade com o antigo. Assim, cada pombalense é parte de um todo chamado Pombal onde construímos nossa história, legado que deixamos para novas gerações.
Dante desse preocupante
quadro de negligência e desrespeito, como filhos de Pombal, imbuídos do amor
telúrico, devemos lutar pelo restabelecimento dos nossos valores históricos. Nosso
passado, nossa história.
Resgatar o
patrimônio Histórico é preciso, para isso somos responsáveis.
Pombal, 09 de janeiro de 2017.
*Professor
e Escritor pombalense
PATRIMÔNIO HISTÓRICO: PRESERVAR É PRECISO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/12/2017 06:30:00 AM
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