TRÁGICO ACIDENTE AÉREO MATOU O GOVERNADOR E COMOVEU A POPULAÇÃO: A MORTE DE DIX SEPT ROSADO
TRÁGICO ACIDENTE AÉREO MATOU O GOVERNADOR E COMOVEU A POPULAÇÃO: NARRATIVAS SOBRE A MORTE DE DIX SEPT ROSADO
Por Raimundo Nonato Araújo da Rocha∗
O anúncio:
No dia 12 de julho de 1951, uma quinta feira, por volta das 11h e 30min, o comandante da Base Área de Natal entregou ao vice-governador e governador em exercício do Estado do Rio Grande do Norte, Sylvio Pedroza, um telegrama proveniente do comandante da Base área de Aracajú. O teor da comunicação era o seguinte: Informo que o avião PP-LPG após sobrevoar as 8h e 30min este campo caiu no rio do sal em sobrado distante do aeroporto três quilômetros tendo perecido todos os tripulantes e passageiros ignorando-se os números vistos que os mortos se encontram presos aos destroços. Avião completamente danificado. – (a) Comte. Miranda. (TELEGRAMA. 12/7/1951. Arquivo Digitalizado de Dix-Sept Rosado. Imagem 22) Minutos após o recebimento desse telegrama, o governador Sylvio Pedroza recebeu outro telegrama do Governador de Sergipe comunicando que havia caido, nas imediações de Aracajú, um avião da empresa Linhas Áreas Paulistas (LAP) e que todos os passageiros estavam mortos. No mesmo telegrama perguntava se o Governador DixSept Rosado estava no avião. No momento em que o governador recebia os telegramas, na cidade de Natal já podia ser confirmada a notícia captada por rádio-amadores desde as primeiras horas da manhã: o avião que conduzia o governador do Rio Grande do Norte não encontrou condições de pouso em Aracajú e terminou caindo no Rio do Sal, situado a três quilômetros da capital de Sergipe. O Governador Dix-Sept Rosado e sua comitiva haviam decolado, às 4h15min da manhã, do dia 12 de julho de 1951, do aeroporto de Parnamirim, a bordo do avião Douglas, de prefixo PL - 3 PPLG da LAP, com destino ao Rio de Janeiro. A viagem do governador potiguar tinha como destino a Capital Federal, onde iria tratar de assuntos políticos e buscar recursos para minimizar os efeitos da seca. A morte de Dix-Sept Rosado acontecia três meses após a morte de Mário Negócio de Almeida e Silva, que havia sido um dos seus principais auxiliares, ocupando a função de Secretário Geral do Governo. Além disso, Dix-Sept e Mário nutriam amizade desde os bancos escolares. Mário Negócio morreu em acidente automobilístico, ocorrido em 30 de março de 1951, próximo a cidade de Tacima, no interior da Paraíba. Mário Negócio nasceu em 1911, na cidade de Fortaleza, mas aos quatro anos foi morar em Mossoró. Advogado de destaque na região em torno de Mossoró, foi eleito deputado estadual (1946-1950). A notícia foi divulgada em jornais locais e nacionais. O jornal carioca “A Noite”, por exemplo, dedicou duas páginas inteiras, publicadas no dia 17 de julho, para comentar o ocorrido. A notícia, intitulada “Impressionante catástrofe do PPL-P6! 32 mortos no desastre do avião das Linhas áreas Paulistas.” A seguir mostra uma grande foto dos destroços do avião no Rio do Sal e outra grande foto de três cadáveres (adultos e crianças) já enrolados em sacos plásticos, antes de serem removidos para Aracajú. Na reportagem o jornal descreve que embora o acidente tivesse ocorrido a uma distância de três quilômetros de Aracajú, as equipes de busca só conseguiram chegar ao local 11 horas depois, em razão do terreno pantanoso e das péssimas condições de acesso (A noite, 17 de julho de 1951: 8-9). A ida do Governador ao Rio de Janeiro tinha sido anunciada, por meio de telegrama, ao presidente Vargas nos seguintes termos: […] Tenho hora comunicar Vossa Excelência próximo dia 12 viajarei até essa Capital avião LAP, fim tratar assuntos interesses administração pública. Sirvome esse ensejo para expressar Vossa Excelência a minha confiança de que, como de outras vezes Governo meu estado receberá preclara atenção eminente Presidente República, dispensando amparo justos reclamos populações castigadas pela estiagem, de que o Rio Grande do Norte vem suportando. […] .
Na tarde do dia 11 de julho, em razão da viagem prevista para o dia 12, houve a transmissão do poder para o vice-governador Sylvio Pedroza. Na transmissão do cargo, o governador anunciou que na viagem ao Rio de Janeiro assinaria contrato com o Banco do Brasil para ampliar o saneamento de Natal e iniciar o saneamento de Mossoró. O governador levou em sua comitiva de viagem alguns auxiliares de governo: o dr. José Gonçalves de Medeiros, Diretor do Departamento de Imprensa; o agrônomo Felipe Pegado Cortez, Diretor do Departamento de agricultura e o dr. José Borges de Oliveira, Diretor do Departamento de Assistência aos Municípios.
As repercussões:
A repercussão da morte de Dix-Sept permanece forte nos dias atuais. Um blog local assim se refere ao ex-governador: Dix-sept Rosado, como era conhecido, hoje é nome de cidade, bairro de Natal, de praça em Mossoró – sua terra – e nome de ruas em dezenas de municípios do Rio Grande do Norte. Alto, forte, óculos “ray-ban” marrom, quase sempre vestido de mescla, era um homem popular, sem ser populista. Tinha o carisma de líder, vivia no meio do povo e conversava política 24 horas por dia. Tinha paciência de ouvir e ponderação ao falar. Nasceu para a vida pública, mas o destino ceifou uma das maiores lideranças do Estado no desastre aéreo de Sergipe. Na mesma lógica laudatória, a deputada federal Sandra Rosado, sobrinha de Dix-Sept, ao abrir o seminário “Os rosado em tese”, realizado em 2011, relembrou uma música da campanha de Vingt Rosado1 para prefeito de Mossoró. Entre os versos da música lida pela deputada estavam os seguintes trechos: Dix-sept Rosado foi bravo De alma pura, varonil; Tombou no campo da honra Lutando pelo Brasil. Choram rios, choram montes, Chora o céu e o mar; Cobriu-se de dor e pranto Todo povo potiguar. (ROSADO, 2001b: 9) Este mesmo sentimento se fez presente no calor dos acontecimentos. A partir da confirmação da notícia as mobilizações no Rio Grande do Norte ganharam as ruas e os jornais. A população foi estimulada ao luto; o bispo – Dom Marcolino Dantas – fez missas na Catedral com a participação do coro do Colégio Salesiano e da Banda da Polícia; poetas fizeram poesias; as fotos da família inconsolável e das multidões que visitavam o corpo foram amplamente divulgadas. Também as superstições se fizeram presentes no imaginário da morte de Dix- sept. Após a morte de Dix-Sept, os seus irmãos foram eleitos para cargos no executivo e legislativo. Vingt, por exemplo, foi eleito prefeito de Mossoró várias vezes. A citação se refere, especificamente, a campanha de 1952. Nessa campanha, Vingt saiu-se vitorioso e Dix-Sept foi usado como exemplo de luta, como modelo a ser seguido. Segundo relato de Laíre Rosado para o jornal “O Mossoroense”, na época do acidente algumas pessoas diziam que o fato de Dix-sept usar constantemente um paletó da cor marrom pode ter favorecido para o acontecido. Um amigo seu chegou a dizer que não havia gostado do paletó marrom que Dix-Sept havia usado durante a posse no cargo de governador, pois esta dava azar. Coincidentemente, seis meses após, Dix-sept Rosado, trajando o mesmo paletó marrom, morreu num desastre aviatório e em pleno exercício do poder. (Relato feito por Laíre Rosado). O colunista Nizário Gurgel, por exemplo, assim escreveu para o jornal A República: Vôo fatal À memória do popular e digno governador Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia […] DIX-SEPT ROSADO Chegaste cedo ao termino da vida, Em plena mocidade, audaz e forte! Enfrentaste a batalha mais renhida. Sentiste aurir no peio a própria sorte. Após tanta vitória,veio-te a morte! Quanta gloria te foi interrompida Na beleza de teu augusto porte. Inflamado pela honra merecida! Voaste para o céu num vôo fatal! Levaste o coração do povo todo, De tua gente do torrão natal! Bemdito sejas tu na eternidade! Tiveste um a existência sem apôdo E tinhas por dilema a caridade!. As homenagens de todo o Brasil eram amplamente divulgadas na imprensa local e os jornalistas locais passaram a exaltar a figura do governante morto tragicamente. Perceba-se nos próprios versos de Nizário observasse a construção de uma imagem: um jovem lutador, vitorioso, caridoso e destinado à glória, deixava seu povo com o coração sofrido. Texto com sentido idêntico pode ser encontrado no panfleto distribuído em Mossoró para a celebração da missa de 7º dia. O amor recíproco entre o ex-prefeito e o seu povo é exaltado com Folheto distribuído pela Prefeitura de Mossoró anunciando a missa de 7º dia. A comoção era imensa. No dia 13 de julho de 1951, o jornal carioca “A noite” apresentou a seguinte uma notícia iniciada com a seguinte manchete: “ “Exemplo para as novas gerações brasileiras”: como do Dr. Raul de Góes, presidente do Instituto Nacional do Sal, se referiu à personalidade de do Governador Dix-Sept Rosado.” O senhor Ivo Aquino, líder da maioria no senado, enviou telegrama ao senador Georgino Avelino (PSD/RN): “peço ao caro amigo representar-me nas exéquias do Governado Dix-Sept Rosado e de seus dignos auxiliares às suas famílias e ao governo [sic] do Estado, as minhas condolências pela grande perda do doloroso golpe que sofreram com o desaparecimento de filhos tão dedicados e ilustres do Estado do Rio Grande do Norte”. O jornal Diário de Natal assim noticiou o sepultamento: “Sepultadas as vítimas da maior tragedia [sic] que já enlutou a vida política e administrativa do Rio Grande do Norte: os corpos do Governador do Rio Grande do Norte e dos seus companheiros de infortúnio José Borges de Oliveira, José Gonçalves, Felipe Pegado Cortez, Jacob Wolfson [médico], Agenor Coelho, Sandoval de Oliveira e Pedro dos Santos, foram acompanhados até o cemitério do Alecrim por” . A senhora Darcy Sarmanho Vargas, esposa do presidente Vargas e presidente da LBA, encaminhou telegrama à primeira dama Adalgiza Rosado lamentando o episódio. Outros telegramas com o mesmo teor, endereçados a própria Adalgisa ou ao Governador Sylvio Pedrosa, foram enviados por ministros, governadores, senadores, deputados, prefeitos. As sessões do Senado e da Câmara foram suspensas logo que as notícias da tragédia foram confirmadas. Os jornais de todo o país anunciam o fato. Essa repercussão nacional foi amplamente divulgada na imprensa local, que passou a exaltar a o ex-governador com características extremamente positivas, com características de um homem sem defeitos. Nesse clima de exaltação, em 19 de agosto de 1952, pouco mais de um mês após o acontecimento, formou-se um movimento popular para a doação de uma estátua de bronze do ex-governador à cidade de Mossoró. Um dos panfletos distribuídos em Mossoró conclama a população a exaltar o ex-governador. Um cronista descreve os acontecimentos durante o sepultamento da seguinte forma: Dix-Sep (Sepultamento) 1.-)Na cidade do Natal no Cemitério do Alecrim, 13 de julho, arrebol de um dia sem sol e duma esperança frustrada (para não dizer furtada). [...] 4.-) A família do extinto e as autoridades de todas as ordens abeiravam-se da campa cercada pela gente que transbordava do cemitério pelas ruas adjacentes na ânsia se não de ver e ouvir, ao menos de participar daquela homenagem ao seu supremo magistrado. 5.-) Ocorreu-nos então esta alocução inédita: Autoridades, homens do povo: eis que um do povo chegou a ser, entre nós a suprema autoridade. Milagre da educação doméstica excelência do regime democrático que o Brasil defende... Edifique-nos, ainda, o comportamento exemplar dessa esposa e mãe integrada nessa paisagem de tristezas, compungida e estóica, – entre a saudade do companheiro que se foi e está a vista e a dos filhinhos queridos e distantes... Pelo exposto, pode-se perceber claramente a comoção popular diante da morte do governador.
A chegada ao poder
Toda a exaltação ao Governo Dix-Sept precisa ser dimensionada com exatidão. Na verdade o governador só ficou no cargo entre 31 de janeiro de 1951 – dia de sua posse - e 12 de julho de 1951 – dia de sua morte. Não é possível falar de uma gestão, pois ele ficou no poder por apenas 5 (cinco) meses e 12 (doze) dias. A historiografia norte-rio-grandense tem analisado Dix-Sept Rosado como um político construído a partir da imagem do pai. Nesse sentido, necessário se faz que entendamos esses vínculos familiares e o grau de autonomia de Dix Sept em relação aos negócios e compromisso do pai. Dix-Sept Rosado nasceu no dia 25 de março de 1911, na cidade de Mossoró. Seu pai, o farmacêutico Jerônimo Rosado, chegou a Mossoró em 1890 e lá fincou as raízes familiares e profissionais. Em entrevista concedida, em 1998, Vingt-un Rosado, irmão de Dix-Sept, narra a história do seu pai e explica como foi estabelecido seu vínculo com Mossoró: Meu avô paterno, Jerônimo Ribeiro Rosado, era português. Ele casou-se com uma moça – Maria Vicencia do Nascimento Costa – que pertencia a uma família de recursos, a família Costa, aqui de Pombal na Paraíba. Com a seca de 1877, muita gente daquela região ficou na miséria, inclusive meu avô. Meu pai tinha o mesmo nome do avô. Ele nasceu no dia 8 de dezembro de 1861. Quando meu pai tinha dez anos meu avô morreu. Ele ainda era rapazinho quando se mudou para Catolé do Rocha, também na Paraíba, para trabalhar. Seu primeiro emprego foi na loja do português Amorim, como caixeiro [...] Nesse tempo [...] ele fez amizade com o juiz Venâncio Neiva, [...] [que] foi chefe político e presidente da Paraíba. [...] Aos poucos o juiz foi vendo que o menino tinha vontade de crescer. [...] Primeiro colaborou para que meu pai concluísse os estudos no Liceu Paraibano, na capital da Paraíba. Concluídos os esses estudos [...] doutor Neiva fez uma carta aos dois irmãos dele que moravam no Rio de Janeiro pedindo para que eles auxiliassem meu pai a trabalhar e a estudar. [...] [...] Estudando e trabalhando [...] meu pai concluiu o curso de Farmácia. Com o título de farmacêutico, ele voltou para a Paraíba e se estabeleceu com uma farmácia em Catolé do Rocha. Em 1890, doutor Almeida Castro que era médico e chefe político aqui em Mossoró, o convidou para vir estabelecer-se aqui na cidade. (ROCHA, 2001: 106-7) . Jerônimo Rosado ao chegar a Mossoró, em 1890, instalou-se com uma farmácia, onde produzia e vendia fórmulas farmacêuticas. Em 1911, foi nomeado, pelo governador Alberto Maranhão, 2º Juiz Distrital para o triênio 1911 e 1913. Paralelamente as atividades da farmácia e de Juiz, ensinava Física e Química em colégios da cidade. Em 19152 , começou a explorar jazidas de gipsitas3 , em suas terras, no povoado de São Sebastião4 . Foi presidente da Intendência do município entre 19175 e 1919. Além disso, exerceu o cargo de Coletor Federal entre 1922 e 25 de novembro de 1930, quando faleceu (BRITO, 1985: 62-3). Do ponto de vista familiar, o patriarca teve 21 filhos, frutos de dois casamentos – três do primeiro e 18 do segundo. A primeira mulher, Maria Amélia Henriques Maia, faleceu e Jerônimo casou com Isaura Henriques Maia, ambas filhas do paraibano Laurentino Ferreira Maia. A partir do sexto filho, Jerônimo começou a numerá-los sistematicamente. Do sexto ao décimo filho a numeração era em língua portuguesa. Do décimo primeiro ao vigésimo primeiro filho, Jerônimo passou a nomeá-los com algarismos em francês. Assim da 11ª filha – Laurentina Onzième – até o caçula, Há divergências quanto a data do início de exploração da gipsita por Jerônimo. Alguns autores se referem a 1912. A gipsita é um minério que pode ser usado como matéria-prima para diversas indústrias, tais como: fabricação de cimento e gesso para a construção civil; fabricação de moldes cerâmicos; nas indústrias de jóias e automotiva; na medicina; na odontologia. Os Rosados extraíam o minério, industrializavam o gesso e comercializavam a produção. O povoado de São Sebastião, posteriormente chamado Sebastianopólis, pertencia ao município de Mossoró. Em 1951, em homenagem ao governador falecido, o povoado passou a ser denominado Governador Dix Sept Rosado. Em 1963, o município foi emancipado. Para dimensionar o tamanho de Mossoró em 1917, pode-se citar: o município possuía uma população em torno de 16.000 habitantes, dos quais 13.000 vivia na zona urbana; existia na cidade apenas três automóveis de passeio, dois carros de luxo, duas diligências. Jerônimo Rosado não estava entre os proprietários desses bens. Um dos carros de luxo pertencia ao médico Almeida Castro, responsável por trazer Jerônimo para Mossoró. 6 Com a primeira mulher – Maria Amélia Henriques Maia – teve os três primeiros filhos, os demais foram frutos do segundo casamento com Isaura Henriques Maia, irmã da primeira esposa. Os filhos de Jerônimo Rosado foram os seguintes: 1. Jerônimo Rosado Filho (1890-1920); 2. Laurentino Rosado Maia (1891- 1891, morreu pouco dias após o parto); 3. Tércio Rosado Maia (1892-1960); 4. Isaura Rosado (1894- 1894, morreu dois dias após o parto); 5. Laurentino Rosado Maia (1896-1897); 6. Isaura Sexta Rosado de Sá (1897); 7. Jerônima Sétima Rosado Fernandes (1898); 8. Maria Oitava Rosado Cantídio (1899); 9. Isauro Nono Rosado Maia (1891-1915); 10. Vicência Décima Rosado Maia (1902); 11. Laurentina Onzième Rosado Fernandes (1903-1922); 12. Laurentino Duodécimo Rosado Maia (1905-1954); 13. Isaura Trezième Rosado Maia (1906), casada com o médico Lavoisier Maia; 14. Isaura Quatorzième Rosado de Magalhães (1907); 15. Jerônimo Quinzième Rosado Maia (1908-1908, morreu antes de completar um ano de vida); 16. Isaura Seize Rosado Coelho (1910); 17. Jerônimo Dix-sept Rosado Maia (1911-1951); 18. Jerônimo Dix-huit Rosado Maia (1912-1996); 19. Jerônimo Dix-neuf Rosado Maia (1913; 20). Jerônimo Vingt Rosado Maia (1918-1995); Jerônimo Vingt-un Rosado Maia. (1920-2005).
Jerônimo Vingt-un Rosado Maia todos foram numerados em francês. As primeiras versões historiográficas sobre o velho Jerônimo, construídas pela história local, o apresentam como um homem de muitas habilidades: farmacêutico, professor, industrial, comerciante, intendente capaz. Contudo, estudos produzidos, sobretudo, na academia a partir dos anos 1990 nos mostram outras faces do patriarca. O trabalho de Ana Lucas, por exemplo, demonstra que Jerônimo Rosado construiu uma fortuna contando com os lucros da mina de gipsita e das rendas da botica. Entretanto, a autora nos mostra que as atividades na botica não se limitavam a venda de produtos, mas se prestava também a ser consultório para os médicos da cidade atenderem seus pacientes. Jerônimo Rosado fornecia gratuitamente o espaço da farmácia para os médicos. Todavia, essa generosidade tinha um importante elemento de troca. Isso porque, esses médicos eram também políticos e “não é difícil de imaginar, por um lado, a relação entre médico-político e paciente-carente no interior do nordeste” na Primeira República (LUCAS, 2001: 75) e, por outro, os benefícios adquiridos por quem emprestava o espaço para as consultas. Pode-se afirmar que Jerônimo Rosado construiu, ao longo das primeiras décadas da República, um poder baseado no comércio, na indústria e nas relações clientelistas. Ele não era tratado como um coronel, mas estava a serviço de uma elite política. Nessa perspectiva, como afirma o professor Lemuel Rodrigues, Jerônimo Rosado não era um líder político, mas um prestador de serviços a uma elite política, sobretudo, ao médico Almeida Castro (RODRIGUES, 2001: 211). Após a morte de Jerônimo, em 1930, as atividades econômicas da família tiveram continuidade com seus filhos Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia e Dix-Neuf Rosado Maia. Dix-Sept, sobretudo, concentrou a administração dos negócios do pai, ampliando os trabalhos nas jazidas de gesso. Foi na condição de empresário, que gerenciava com eficiência os recursos familiares, que Dix-Sept avançou na atividade pública. Dessa forma, em 1948, foi eleito prefeito de Mossoró e, em 1950, foi eleito Governador do Estado do Rio Grande do Norte. Nascido em Mossoró em 1911, Dix-Sept tinha 19 anos de idade quando o pai faleceu. Desde muito jovem costumava observar o pai gerenciando os negócios, acompanhando desde o concerto dos carros da mineradora a administração financeira. Assim, a morte do pai não trouxe uma vida nova, mas uma continuidade do que já fazia. Entre 1930 (ano da morte de Jerônimo Rosado) e 1948 (ano em que Dix-Sept foi eleito prefeito de Mossoró) 18 anos se passaram. Isso demonstra que a ascensão política de Dix-Sept não tem uma relação direta a política exercida pelo pai. Obviamente a estrutura familiar ajudou, mas a hipótese que construímos neste trabalho é que foi o próprio Dix-Sept quem inaugurou a ascensão política da família. Essa ascensão foi fortalecida pela sua morte. A eleição de Dix-Sept Rosado Dix-Sept foi eleito prefeito de Mossoró, pela UDN (União Democrática Nacional), em 21 de março de 1948, tendo como companheiro de chapa Jorge de Albuquerque Pinto. Seus adversários foram Sebastião Fernandes Gurgel e Antônio Mota, ambos do PSD (Partido Social Democrático). Tomou posse no cargo no dia 31 de março de 1948 (BRITO, 1985: 110-112). Em razão de sua candidatura ao governo do Rio Grande do Norte, pediu, inicialmente, no dia 6 de junho de 1950, licença para se candidatar. Em seu lugar assumiu o vice-prefeito Jorge de Albuquerque Pinto. Posteriormente, renunciou em definitivo ao cargo de Prefeito, no dia 1 de julho de 1950, para assumir a candidatura ao governo pela Aliança Democrática, que reunia 3 partidos: PSD/PR/PSP.7 A candidatura de Dix-Sept ao Governo do Estado esteve vinculada a um complexo quadro político, pois incialmente o nome dele não era ao menos citado no processo sucessório. João Câmara, senador do PSD, iria ser candidato ao governo do Estado e contaria com apoios da UDN e do PSD. Todavia, a morte de João Câmara mudou o quadro político. O governador José Varela (PSD) resolveu indicar o primo e deputado estadual Augusto Varela (UDN) como candidato. Dix-Sept (UDN) passou um integrar uma frente contra o candidato do governador. Essa frente foi vencedora das eleições. Concluindo Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior que ainda está em andamento. Assim, os resultados aqui apresentados dizem respeito a uma parte do trabalho. Maiores informações podem ser obtidas em BRITO, 1985. Informações mais genéricas sobre o tema estão disponíveis no site: <http://oestepotiguarsite.blogspot.com/2009/11/prefeitos-constitucionais-de-mossoro.html>. Todavia, já é possível perceber que as imagens construídas sobre Dix-Sept transmitem a ideia do que poderia ter sido. Foi em torno dessas imagens que o poder da família Rosado se fortaleceu ao longo desses anos. Sucessivos mandatos de diferentes membros da família sempre evocam a imagem de Dix-Sept.
∗ Professor doutor do Departamento de História da UFRN.
Referências Bibliográficas
A NOITE. Rio de Janeiro. 1952 – diversos números. Arquivo particular e administrativo do Governador Sylvio Pedroza. Fundação José Augusto. Natal. (Arquivo e, organização) Arquivo particular e administrativo do Governador Dix-Sept Rosado. Fundação José Augusto. Natal. (Arquivo e, organização)
BRITO, Raimundo Soares de. Legislativo e executivo de Mossoró numa viagem mais que centenária: 1853-1985. Fortaleza: Imprensa universitária da UFC, 1985.
FELIPE, José Lacerda Alves. A reinvenção do Lugar: os Rosado e o “País de Mossoró”. In: ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs.). Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize / SerGraf, 2001.
JORNAL A REPÚBLICA. Natal. 1952 – diversos números.
LUCAS, Ana Maria Bezerra. O mandonismo rosadista em Mossoró. In: ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs). Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize / SerGraf, 2001.
NASCIMENTO, Larisson C. Profissionalização do jornalismo em Mossoró: profissionalismo e poder local. São Carlos: UFSC. 2008. (Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais)
ROCHA, Raimundo Nonato Araújo da. Identidades e ensino de História. São Paulo: USP. 2001. (Tese de Doutorado)
ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs). In: Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize / SerGraf, 2001a.
ROSADO, Sandra. Mensagem de abertura. FELIPE, José Lacerda Alves. A reinvenção do Lugar: os Rosado e o “País de Mossoró”. In: ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs). Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize / SerGráf, 2001b.
SILVA, Lemuel Rodrigues da. Estratégia de poder no Rio Grande do Norte: o caso da família Rosado em Mossoró. In: ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs). Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize/SerGraf, 2001.
Sites Consultados:
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
TRÁGICO ACIDENTE AÉREO MATOU O GOVERNADOR E COMOVEU A POPULAÇÃO: A MORTE DE DIX SEPT ROSADO
Reviewed by Clemildo Brunet
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7/13/2017 05:53:00 AM
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Um comentário
Com o6 naisida em areia branca hoje com 74anos ainda lembro papai muito triste porque um emgano quem morre era o prefeito ze solum depois veio a noticia solon nao estava no vou.
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