A PAZ ESTEJA CONVOSCO
Severino Coelho Viana |
Por
Severino Coelho Viana*
“Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam
reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no
meio deles. Disse: "A paz esteja convosco".
A paz é o caminho da felicidade terrena,
mas para encontrá-la é preciso matar o monstro que carrega dentro de si – o
desejo de vingança. O alcance da paz universal começa no particular e termina
no geral, eliminando o espírito belicoso que leva dentro da arca do
inconformismo, da ansiedade, no desejo de maltratar, na vontade de massacrar e
eliminar a natureza dos outros.
A paz é aspiração fundamental de cada
homem e de toda humanidade. Ela tem uma dimensão interna, moral, psíquica e
outra dimensão externa e social. Não é um desejo novo de nosso tempo; ao
contrário, a sua busca vem através dos mais remotos tempos e de todas as raças
humanas, independentemente de cor, credo, religião, sem credo, raça,
nacionalidade, idade, gênero, riqueza, habilidade ou nível cultural.
A plenitude da paz interna, o homem só
atinge quando consegue a ordenação de suas potencialidades em torno de um ideal
digno de ser vivido.
Nós só conseguiremos a paz plena quando
vencermos a guerra interior. O maior exemplo de guerra interior nós encontramos
no teor do livro: Bhagavad-Gitá, este poema é um capítulo do livro de filosofia
do Hinduísmo conhecido por Bahabharata, que conta a história sagrada da Índia,
composto de 250.000 (duzentos e cinquenta mil versículos), cuja compreensão o
leitor deve se apegar a uma simbologia de história comparativa. A guerra
interior entre os pandavas e curavas. Pandavas são representados pelas forças
do bem e Curavas pelas forças do mal. Enquanto isso, o Bhagavad-Gitá é parte do
grande épico Mahabharata. Todo Mahabharata foi escrito por Sri Ganesha.
Simbolicamente é a luta interior do homem pelo domínio de si mesmo.
Bhagavad-Gitá é um dos livros mais
importantes para a humanidade. Trata de vários assuntos, entre eles: o sujeito,
a identidade fundamental do ser e sua relação com a causa primordial, que o
hinduísmo identifica em Krishna. Bhagavad-Gitá nos leva a uma viagem dentro de
nós mesmos e amplia nossa visão de realidade, dando diversos conceitos sob os
quais somos orientados a agir.
O simplesmente Gitá trata da mais
sagrada ciência metafísica, transmitindo o conhecimento do Ser e respondendo a
questões universais, tais como, quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Como
posso conduzir uma vida pacífica e feliz neste mundo de dualidade?
Com o significado de “Canção do Senhor”
ou “Canto do Mestre”, Bhagavad-Gita faz uma “canção” que conta a história de
uma luta entre dois exércitos que desejam conquistar uma cidade chamada
Hastinapura, também chamada de “Cidade dos Elefantes” ou “Cidade da Sabedoria”
(na cultura hindu, o elefante é associado à sabedoria). Mas essa epopeia não se
restringe a uma simples disputa material, ela envolve uma belíssima filosofia
dirigida à alma, àquele que busca a sabedoria e a compreensão da vida.
Segundo explicita a filosofia Hinduista,
o nosso interior é composto de 05 (cinco) pandavas, (Iudistira, Bhima, Arjuna,
Nakula e Sahadeva), ou sejam, as cinco virtudes do bem; enquanto que os 100
(cem) curavas representam os defeitos humanos, por isso, a quantidade de
defeitos mostra uma desvantagem numérica muito grande. Portanto, com apoio
nesta lógica do hinduísmo, quem pretende melhorar o seu interior, cada um tente
vencer os curavas e obter uma vida melhor.
A obra do Bahavad-Gita mostra que estão
prestes a uma iminente guerra os exércitos dos Pandavas e Curavas. É o combate
da guerra mais importante de todos os tempos, travada todos os dias dentro de
cada um de nós. A chamada “guerra interior”, vivida pelo príncipe Arjuna,
acompanhada por Krishna, devendo ser analisada como uma metáfora para estes
desafios e receios que são comuns a todos os homens.
Pois bem! O elo de uma relação
harmoniosa e virtuosa com o mundo traz bem-estar interior, leveza a um coração
de bondade e clareza imperturbável a uma mente sadia. Comprometendo a cultivar
a compaixão e aprender meios de proteger a vida das pessoas, dos animais e das
plantas. Liberte-se do egoísmo e aprenda a ser tolerante com a natureza.
Para conseguir a paz interna e externa é
preciso que se transforme num herói. Pegue o seu escudo de defesa e enfrente os
problemas de família, alivie as tensões do casamento, o temor do amigo falso,
os agouros do mal vizinho, a cobiça do invejoso. Tenha paciência com os filhos,
afaste os contratempos do namoro ou convivência conjugal, desvie o olho grande
das amizades interesseiras, evite briga com a vizinhança, esqueça as
inimizades, conviva com os problemas financeiros, busque um emprego digno de
acordo com a sua natureza, elimine os maus vícios, console-se com o luto e não
se acovarde ante o medo.
A paz social só poderá resultar de um bom
relacionamento entre pessoas, grupos, nações, fundado na justiça, na lealdade e
no amor!
João
Pessoa - PB, 09 de outubro de 2017.
*Escritor
pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa-PB
scoelho@globo.com
A PAZ ESTEJA CONVOSCO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/09/2017 02:42:00 PM
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