Pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto
Genival Torres Dantas*
Michelle Bachelet por duas vezes Presidente da
República do Chile, períodos de 2006/2010 e 2014/2018, Comissária dos Direitos
Humanos da ONU, foi duramente criticada pelo Presidente Jair Bolsonaro, por ela
ter feito severas críticas alusivas a nossa Democracia. Dessa feita, como é seu
costume, o Presidente com modus operandi Bolsonaro, atingiu a figura “In
memorium” do genitor, da figura política chilena, mais uma vez, com excesso de
rudeza, inabilidade política e descabida, próprio de quem não tem a menor
intimidade com o trato civilizatório, usado na diplomacia mundial.
Melhor seria se o Presidente se cachasse
naquele momento em que tomou conhecimento e autorizasse o nosso Chanceler, em
nota diplomática, respondesse a ofensiva, se assim entendesse. Não só o Chile,
mas outros Países de regimes diversificados, portanto, não havendo nenhuma
defesa ideológica, apenas o estranho e indelicado comportamento de um
Presidente de uma República Democrática e respeitada por todos.
O risco que corremos nessas investidas
impensadas e desnorteadas do nosso Chefe de Estado é continuarmos a provocar
atritos e arranhões políticos por todos os Continentes. Para quem não se lembra
de Bolsonaro, já se indispôs com: Alemanha, Argentina, Canadá, Colômbia,
Dinamarca, Finlândia, França, Países Árabes, Noruega, Venezuela e agora o
Chile.
Diversas foram às razões, algumas em defesa do
Estado, outras por derrapagem nas palavras, sem ter noção do controle e da
intensidade do despropérios que pode ser provocado por uma colocação mal feita
ou mesmo uma palavra mal colocada, até mesmo insinuações e provocações ao
desenterrar defuntos já esquecidos em ossuários, pelos cantos do mundo.
É profundamente lamentável que tenhamos que
ficar comentando efeitos de farpas do nosso Presidente quando devíamos estar
contabilizando lucros de projetos vitoriosos dentro do seu governo.
Internamente a situação não é muito diferente, os insultos e provocações aos
seus auxiliares diretos e indiretos nos causa espanto, pelo menos um deles tem
se mantido fiel ao seu ingresso no governo apenas por razões da palavra
empenhada por esse colaborador que é o Ministro da Justiça e Segurança Pública,
Sergio Moro.
A impressão que fica é, caso o Presidente o
Diretor-geral da Polícia Federal, Mauricio Valeixo, sem anuência do Ministro
Sergio Moro e ou o Ministro não tenha apoio no seu Projeto de Segurança
Pública, sendo hoje o último dia para vetos do Presidente, a situação fica
muito difícil para a convivência dos dois dentro do mesmo governo. Se a
situação tiver um desfecho desfavorável ao Ministro seria melhor que ele,
democrática e republicanamente, se desvencilhasse do cargo, certamente ele
seria convidado para ser professor em qualquer Universidade de ponta, em
qualquer Continente.
Em 2022, no alto da sua popularidade nacional,
que o povo lhe confere, inclusive hoje a Datafolha vem mostrando que ele goza
de 54% de voto positivo, contra 29% do Presidente, pode retornar ao País para
ser eleito em qualquer cargo eletivo, nos Estados do Paraná ou mesmo São Paulo,
quem sabe até pleitear a presidência da República, com grande possibilidade de
êxito.
Por outro lado, quem ficou com o conceito
bastante abalado, no dia de ontem, foi a Procuradora Geral da República (PGR),
Raquel Doge, seis procuradores, são eles: Raquel Branquinho, Maria Clara
Noleto, Luana Vargas, Hebert Mesquita, Victor Viccely e Alexandro Oliveira,
componentes do Projeto Lava Jato, em Curitiba/PR, alegando incompatibilidade
com a PGR, depois dela, ter dado seu parecer no acorde de colaboração premiada,
de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, para homologação do STF.
Raquel Doge pediu o arquivamento de parte da
delação, com implicações ao Presidente da Câmara, Deputado Rodrigo Maia
(DEM/RJ), e um irmão do Presidente do Supremo Tribunal Federa (STF), Ministro
Dias Toffoli. Constam nos bastidores que os envolvidos são patrocinadores da
recondução da Procuradora Geral da República, ao cargo que vence no próximo dia
17.
Com todas essas incongruências esperamos que
venham ventos mais amenos em direção aos três Poderes, e tenhamos dias mais
descontraídos, politicamente falando.
Genival Torres Dantas
*Poeta e Escritor
Pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/06/2019 05:50:00 AM
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