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Volte! Volte! Volte!

 


Ricardo Ramalho*

 

O recomeço, momento mágico dos relacionamentos amorosos. Parece que o passado, bem recente, inexistiu. Afloram sentimentos novos, desaparecem aqueles, tão presentes. Ah! O recomeço! Com aquela garota, foram muitos, inesperados e esperados, ao mesmo tempo. Quem sabe, ansiávamos por aqueles momentos, tensos, mas, desejados. A emoção fluindo, pulsando, dizendo estou aqui e a expectativa fustigando os espíritos.

 

Ao final da década de 1970, a Associação dos Servidores da Universidade Federal da Paraíba (ASSUFEP), era um dos “points” noturnos, preferidos de João Pessoa. No Alto do Cabo Branco, o local aprazível, abrigava uma animada “boate”, aos sábados, frequentada por diversas “tribos” da classe média. Comumente, se encontravam, colegas de trabalho, de estudos, conterrâneos. Foi ali o palco de mais um recomeço, que percorreu poucas horas de felicidade e contentamento, amplo e irrestrito, expressão política, em voga, na época. No dia seguinte, novo desentendimento, nos afastava, por motivos fúteis e orgulhos feridos. A noite gloriosa do recomeço foi em vão, desapareceu.

 

Aborrecido com o desfecho, resolvi abreviar meu retorno a Maceió, onde residia e trabalhava. O Bar do Cabeção, na Ponta Seixas, foi a última estação, daquele fim de semana. Pernoitaria em Recife e no dia seguinte completaria a viagem. Ao final da tarde, o som de uma festa do Clube Português, chegava aos nossos ouvidos e invadia minha alma dolorida, com os “hits” da atualidade. Uma sonoridade envolvente, do grupo musical “Player”, dominava, com seu sucesso “Baby come back” (Garota, volte!). As guitarras plangiam acordes, formando arranjos musicais que marcavam a canção. As vozes, em tom de súplica, brandiam: baby come back! E continuavam: “any kind of fool could see” (qualquer tipo de idiota poderia ver); “there was something in everything about you” (havia algo em tudo, sobre você); I was wrong and I just can live whthout you” (eu estava errado e simplesmente não consigo viver em você).

 

Hesitei em ir aquela festa, mesmo sem convite. Argumentaria sobre meu estado emocional ou subornaria o porteiro. Conseguiria, quem sabe, uma companhia para meu consolo. Não venci essa insegurança. Continuei ouvindo “baby come back! baby come back! baby come back ...

 

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*Escritor pombalense

Volte! Volte! Volte!  Volte! Volte! Volte!  Reviewed by Clemildo Brunet on 11/02/2020 07:47:00 AM Rating: 5

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