O neoliberalismo e a América Latina: Breves considerações
Marcela e Romero |
José
Romero Araújo Cardoso*
Marcela
Ferreira Lopes*
O modo de produção capitalista vem sendo
assinalado indelevelmente através da adoção da doutrina econômica formulada
pelo filósofo e economista escocês Adam Smith (Kirkcaldy, 5 de junho de 1723 —
Edimburgo, 17 de Julho de 1790), na qual, em essência, frisou a necessidade que
o Estado não deve intervir na economia, ou seja, laissez faire, laissez passer
(deixar fazer, deixar passar).
Para Smith, uma espécie de mão invisível
controlaria naturalmente oferta e
demanda, fato não verificado quando da
fabulosa quebra da bolsa de Valores de Nova York na célebre quinta-feira negra
de setembro de 1929.
Para contornar a grave crise estabelecida, o
governo norte-americano contratou os serviços de um economista inglês de nome
John Maynard Keynes (Cambridge, 5 de junho de 1883 — Tilton, East Sussex, 21 de
abril de 1946), considerado o pai da macroeconomia moderna.
Frederich August von Hayek (Viena, 8 de Maio
de 1899 — Friburgo em Brisgóvia, 23 de Março de 1992), economista austríaco da
Escola de Viena, notabilizou-se por ser crítico ferino da intervenção estatal
na economia. Destacou-se em razão da luta sem trégua em prol do retorno das
ideias originais referentes à condução da economia capitalista, sendo
responsável pela formulação das principais bases da proposta neoliberal.
Inúmeros países do globo encamparam,
principalmente pós-segunda grande guerra, as pregações Keynesianas quanto à
importância do Estado na condução econômica, sendo adotadas também na América
Latina, quando governos nacionalistas estatizaram setores estratégicos.
A pressão exercida pela política externa do
Big Stick sobre países Latino-Americanos como Argentina, Brasil, Chile, Cuba,
etc. trouxe consigo a marca registrada da ênfase à proposta neoliberal,
suscitando a necessidade de que o setor privado fosse valorizado.
A cada passo ousado que governos
nacionalistas empreendiam, aumentava a preocupação quanto à aventura da
expansão transnacional sobre espaços privilegiados do terceiro mundo.
Decisões extremamente nacionalistas, como a
estatização da exploração do petróleo no Brasil, renderam ódio interno e
externo àqueles que buscavam melhores formas de beneficiar países
historicamente espoliados.
Deposições violentas proliferaram em toda
região, a exemplo da que ocorreu em 11 de setembro de 1973, no Chile, quando o
governo nacionalista de Salvador Allende foi alijado do poder através da mais
brutal intervenção militar, levada avante a fim de garantir o sucesso da
doutrina neoliberal.
Cuba, exemplo de radicalização
revolucionária, enfrentou com galhardia tentativa de invasão que tornou-a
respeitada em todo planeta. Negou-se a integrar o rol dos países humilhados
pelos ditames da nova ordem econômica mundial estabelecida antes do término da
segunda grande guerra.
Nicarágua, outro exemplo de determinação
regional em buscar caminho próprio, livre da influência externa imposta pelos
grandes da economia mundial, sobretudo E.U.A, resistiu com galhardia até à
exaustão, cedendo às pressões internas e externas que invocavam retorno à
democracia.
A década de noventa assinalou a mais
espetacular demonstração de ênfase ao neoliberalismo na América Latina,
resultando em céleres campanhas em prol da privatização de grandes conquistas
históricas.
No Brasil a Companhia Siderúrgica Nacional e
diversas outras empresas estatais foram levadas à leilão, privatizadas a fim de
garantir privilégios externos que vinham sendo reivindicados imemorialmente.
O neoliberalismo vem sendo o principal vetor
do recrudescimento da dependência na América Latina, tendo em vista que a
globalização exige isso como condição sine qua non para o triunfo dos seus
interesses em qualquer parte do globo.
*José
Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-Adjunto IV do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial
(UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente (PRODEMA/UERN).
*Marcela Ferreira Lopes. Geógrafa-UFCG/CFP.
Especialista em Educação de Jovens e Adultos com ênfase em Economia
Solidária-UFCG/CCJS. Graduanda em Pedagogia-UFCG/CFP. Membro do grupo de
pesquisa (FORPECS) na mesma instituição.
O neoliberalismo e a América Latina: Breves considerações
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/16/2015 04:23:00 AM
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