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ANA DANTAS MACIEL - À GUISA DE INFORMAÇÃO


Ignácio Tavares

Ignácio Tavares *

O livro publicado recentemente de autoria do escritor Severino Coelho sobre a Cabocla Maringá, bem como a sua verdadeira identidade despertou interesse por parte de um dos filhos de Nina, José Renner Dantas Maciel. Preocupado com o que leu sobre a sua Mãe, telefonou pra mim a fim de obter informações sobre o autor do livro.  
  
Depois de uma longa conversa resolve esclarecer alguns fatos, com os quais não concorda posto que há muitos equívocos cometidos pelo escritor, relativos a sua Mãe. Acredita que os equívocos foram cometidos porque as fontes consultadas pelo autor não conheciam a verdadeira história da família da sua Mãe.
  
Continuou: nós crescemos ouvindo relatos da Mãe sobre a sua vida em Pombal, enquanto adolescente. Pelo que li no livro do senhor Severino Coelho, pouco tem a ver com a vida real da minha saudosa genitora. O livro cita alguns fatos com versões desencontradas que em nada contribui para preservação da memória da minha Mãe.
  
Graças a Deus ela não está viva pra ler essas coisas desagradáveis envolvendo o seu nome, principalmente no momento mais sublime de sua vida: a adolescência. Com certeza ela ficaria muito triste porque o seu relacionamento com Ruy e Arruda, na sua juventude, não foi assim tão arrojado como faz transparecer o que está escrito no livro em questão. Vamos aos fatos:
  
Ana Dantas de Alencar, filha do Major Argemiro Liberato de Alencar e Ambrosina Dantas de Alencar nasceu na cidade de Pombal no dia quatro de março no ano de 1903. Veio ao mundo na mesma casa onde nasceu o saudoso Professor Celso Furtado, situada a Rua Coronel Jose Fernandes, pois, o imóvel na época pertencia ao seu pai. Faleceu em 1973, justo aos setenta  anos de idade. Veja foto de minha Mãe e meu Pai em 1932.
Fazia parte de uma família de cinco irmãos, dos quais três mulheres e dois homens quais sejam:Sandoval Dantas de Alencar, José Dantas de Alencar, Laura Dantas de Alencar, Maria Amélia Dantas de Alencar e a própria Ana Dantas de Alencar.
  
Nina e Laura nasceram com a diferença de um ano de uma para outra, portanto eram as mais velhas da irmandade. As duas, no decorrer do ano, dividiam o tempo entre a cidade e o Sitio Estrelo, propriedade da sua família. Em razão das atividades comerciais do pai eram obrigadas a passar maior parte do tempo na cidade. Apenas nos períodos de férias ficavam no sitio Estrelo. Veja foto da irmã Laura.
Nina era uma moça vistosa, de rara beleza de pele e olhos claros. Juntamente com sua irmã Laura, um ano mais nova, dividia as atenções dos rapazes da época. O seu pai, homem rico e poderoso acompanhava a vida das filhas com zelo e carinho. Era um homem de negócios, pois movimentava interesses comerciais nos Estados da Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte, em parceria com os irmãos.
  
Nina era muito ligada a família. Na sua mocidade a melhor amiga era minha Mãe, que por muito tempo guardou saudosas lembranças dos bons tempos de jovens adolescentes. Estudaram na mesma escola e tiveram como colega de sala de aula os irmãos Ruy e Janduhy Carneiro. Veja foto de Argemiro Liberato e sua última esposa Maria Amorim Malfada de Alencar.
Como toda adolescente Nina era alegre e comunicativa. É verdade que na sua adolescência namorou Ruy Carneiro, por um breve espaço de tempo. Ruy muito cedo saiu de Pombal pra estudar fora, portanto não tinha como dar continuidade a um namoro com uma adolescente de treze pra quatorze anos cheia de vida e sonhos de projetos juvenis.


Em 1919, juntamente com sua irmã Laura foi completar seus estudos em Cajazeiras na casa de Sabino Alencar, (irmão de Wlisses Liberato) sobrinho do seu pai. Sabino, assim como seu irmão Wlisses era filho de Francisco Liberato de Alencar, próspero comerciante baseado no município de Sousa. Veja foto de Nina e Renato no ano de 1953.
No decorrer da nossa conversa vez por outra repetia: o meu avô Argemiro Liberado era rico poderoso, influente politicamente em Pombal, porem, muito dedicado a família. Pra se ter uma ideia, nas primeiras décadas do século passado os comerciantes Argemiro Liberato de Alencar assim como o seu irmão José Liberato de Alencar e o primo João Benigno Cardoso eram os mais prósperos comerciantes de Pombal.

Fundamentavam seus negócios na compra e venda de gado, algodão, couros, peles, sal, café em grãos, entre outras mercadorias de origem agrícola. Eram também produtores rurais. João Benigno possuía três propriedades bem próximas a cidade, tais como Nova Vida, Capim Verde e Genipapo onde criava e produzia muito algodão. As terras dos irmãos Liberato ficavam mais afastadas da cidade, mas da mesma forma criavam e produziam algodão.

Continuou Renner: a minha Mãe, bem como a sua irmã Laura, concluiu o primeiro grau em Cajazeiras de onde não retornou mais, pois, conheceu um rapaz de nome Renato Sousa Maciel com quem se casou em 1923. 
Em 1924 nasceu o  primeiro filho Rossivaldo, já falecido. Em seguida nasceram Ramon, falecido, Idilva, falecida, Renner, Irani e Ronaldo.

Não procede essa história de que minha Mãe foi objeto de disputa entre Ruy carneiro e Arruda. O namoro da minha Mãe com Ruy foi coisa de adolescente, por isso passageiro. Com Arruda foi um pouco mais demorado, mas, porem não mais do que um ano.
  
Da mesma forma não é verdade que a Mãe de Arruda não queria o seu namoro com Nina por conta da sua morenice. Isso nunca existiu porque Nina não era morena como supõe o autor do livro. Quem se opôs ao namoro de Nina com Arruda foi o meu avô Argemiro porque queria que as filhas mais velhas continuassem seus estudos em Cajazeiras, na época o melhor centro educacional do sertão paraibano.

Uma prova disso é que dois irmãos de Arruda, Elizeu e Juca arruda casaram com Maria e Odete Roque, ambas, da mesma família de Nina. Tem mais, a amizade da nossa família com a família de Arruda perpetuou-se no tempo. Era comum os familiares de Arruda visitarem Nina em João Pessoa. Algumas vezes hospedaram-se em nossa casa.
  
Como prova dessa aproximação cito outro fato marcante: meus pais tomaram Arruda como padrinho de um dos seus filhos. Este filho chama-se José Renner Dantas Maciel. Pois é, com muita honra Arruda é o meu padrinho com quem mantive uma relação de amizade até seus últimos dias de vida.

Acredito que se o escritor Severino Coelho tivesse nos procurado, com certeza daríamos as informações necessárias. Por outro lado, aconselhávamos afastar-se da ideia de que a minha Mãe foi à fonte de inspiração para a criação da letra da Cabocla Maringá. Ah, se fosse!!

Nunca ouvimos falar nessa história no seio da nossa família. Se fosse verdade seria uma honra pra todos nós, filhos de Nina. Mas, de qualquer maneira respeitamos a capacidade criativa. Pois a capacidade de criar é própria dos bons escritores, por isso não ignoramos essa capacidade do escritor Severino Coelho, não obstante alguns equívocos cometidos, os quais poderiam ser evitados se tivéssemos conversado sobre alguns fatos que envolvem o nome da nossa Mãe.

João Pessoa 11 de Julho de 2012

*Economista e escritor pombalense.
ANA DANTAS MACIEL - À GUISA DE INFORMAÇÃO ANA DANTAS MACIEL - À GUISA DE INFORMAÇÃO Reviewed by Clemildo Brunet on 7/11/2012 09:34:00 AM Rating: 5

2 comentários

JERDIVAN NOBREGA DE ARAUJO disse...

A CABOCLA MARINGÁ
Em relação a nossa Cabocla Maringá, a história que Ruy Carneiro, supostamente contou a Joubert de Carvalho, lhe inspirou um poema que conta a saga de uma flagelada, fugida da seca, razão pela qual eu acredito, como Verneck e Ignácio também creditam, não haver nenhuma relação com Ana Dantas de Alencar – Nina, cuja família era rica e poderosa, aos padrões da época.
O nordeste tá cheio de musicas insperadas em historias da vida Real. Zé Dantas, por exemplo, se inspirou num fato acontecido em Princesa Isabel.
Trata-se da musica Xanduzinha. "Marcolino Diniz (o cabôco Marcolino) trocou a faculdade e os bois zebus pelo fuzil. E sua única recompensa foi Xanduzinha. Ambos se imortalizaram na canção de Luiz Gonzaga e Zé Dantas".
.

“O caboclo Marcolino,
Tinha oito boi zebú,
Uma casa com varanda,
Dando pro Norte e pro Sul,
Seu paió tava cheinho,
De feijão e de andú,
Sem contar com mais uns cobre,
Lá no fundo baú,
Marcolino dava tudo,
Por um cheiro de xandú.”
Xanduzinha era irmã do coronel Zé Pereira.

Ademais, a lenda da Cabocla é mais sofrida e, portanto, mais bela. Eu prefiro a versão que o artista pensou e o povo consagrou.

 Jerdivan

Anônimo disse...

José dantas de alencar que era paraibano era meu avô nome de meu pai era Luis dantas de alencar filho do paraibano José dantas de alencar de bonbal tenho muita vontade de conhecer a familia de meu avô José dantas de alencar

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