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A PEDRA DO SINO, O RIACHO DO BODE E A CAMBOA

Jerdivan Nóbrega de Araújo
Jerdivan Nóbrega de Araújo*

Se você for curioso e digitar no “Google” a frase “Pedra do Sino”, vai encontrar várias localidades com  esta  denominação, e que fora transformadas em pontos turísticos: Infelizmente nenhuma é em Pombal, mas bem que poderia ser.

Para entender precisamos voltar às 

décadas                                                                                                                                                                                                                                                            
de 1960 e
1970,

quando a localidade 

“Riacho do Bode”  ainda ficava  fora da zona urbana da cidade.   Ali   Dr. Avelino construiu o  seu  famoso   “Casarão  do Riacho do Bode”,  que mais tarde passou a ser  a “Casa de Chico Pereira”,  e  que fora erguida   bem em cima do grande lajedo, que hoje já fica dentro do perímetro   urbano de Pombal.

Naquela época os melhores locais do Rio Piancó, ao norte da cidade, para pescar e tomar banho era na  “Camboa”. Para se chegar ao lugar tínhamos dois caminhos: margeando rio ou entrando na porteira que dava num longo corredor, atravessando as frondosas Oiticicas que sombreavam o Riacho que denominava  a localidade – Riacho do Bode, e que diziam-se assombradas aquelas oiticicas , razão pela qual preferíamos  evitá-las, mas que não resistíamos pelo simples fato de ser exato ali o acesso  que obrigatoriamente cruzávamos  com a famosa “Pedra do Sino”.

Lembro-me bem, e até acho ruim quando vem a minha mente parte dessa  minha memória que me  leva de volta a tão bons tempos da minha infância.

Era costumo dos nossos pais nos levar, aos domingos, para passar o dia na  casa de Júlio  Calixto,  na Camboa, onde  tomávamos banho no Rio e  pescávamos  até o final da tarde.
O leito do velho e bondoso rio Piancó, ao atravessar a “Camboa” não se fazia de rogado e nos oferecia, como já dito, os melhores  lugares para o  banho   e a pesca com anzol.  As ingazeiras, de uma a outra margem,  “se davam as mãos” formando túneis  de sombras e águas cristalinas e frias, onde nos “aprazávamos”  em nossas doces  tardes de domingos.

Era assim a Camboa que, na época de invernada, quando tínhamos as Cajaraneiras  pendendo de tantos frutos,  o milho verde e  melancia se esparramando  pelo   roçado a espera de ser colhida,   bem poderia ser chamada de Paraíso,  e   sem exagero.

Mas, antes de chegar a Camboa, “no meio do caminho tinha uma pedra” e eu não me arrisco a explicar  em palavras o prazer que era  atrasar a nossa caminhada para admirar o som de bronze daquela pedra, razão pela qual eu convoco o poeta maior para nos  ajudar:

 “No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho, tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas.  Nunca me esquecerei que no meio do caminho  tinha uma pedra  tinha uma pedra no meio do caminho  no meio do caminho tinha uma pedra”.

​Que pedra era essa, que não sendo a mesma do poeta de Itabira, também esteve em nosso caminho e também de nós  foi arrancada e pelos   mesmos motivos? A ganância desenfreada do ser humano.

- A nossa pedra era a “Pedra do  Sino”.

Uma rocha de aproximados quatro toneladas, na forma “oval”, que repousava sob o lajedo principal  do Riacho do Bode e que, ao ser tocada com outra pedra, soava dali um som de bronze como se fora os sinos da  Matriz,  chamando o povo para a missa matinal. Dai a denominação de “Pedra do Sino”

Rezava a lenda local que a “Pedra do Sino” era recheada de ouro. Um dia, no silêncio dos que se calam, alguém foi lá e explodiu a nossa “Pedra do Sino” em duas partes, na busca do seu ouro que sequer era de tolo.

Desde então a Pedra do Sino se calou para sempre.

Porém eu “Nunca me esquecerei de que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra”.

*Escritor e Pesquisador da história de Pombal.

COMENTÁRIO
Li atentamente seu artigo enfocando três pontos importantes do nosso município que juntos exprimem as riquezas do nosso ecossistema. Além do mais, os locais referidos foram irresistíveis atrativos para as crianças e até mesmo para adultos, que levados pela curiosidade oferecida tornaram-se parte integrante de nossa história.
A propósito, era impossível se conter ante as águas do Rio Piancó nos poços da Camboa, não desafiar a subida íngreme do lajedo do Riacho do Bode, mesmo temendo a passagem nos corredores sombrios das oiticicas que segundo as crendices populares eram “mal assombradas”, principalmente quando acrescentadas nas histórias exageradas de Zé Jó, Inevitável também era não se deleitar ao som da Pedra do Sino. Como era fascinante tocar fortemente a pedra, provavelmente uma rocha de origem vulcânica para ouvir o som metálico semelhante ao toque de um sino gerado pelo choque de suas camadas internas e na santa inocência de menino acreditar que tocando a rocha a vida seria prolongada pelo menos por um ano.
Portanto, mais um maravilhoso texto de sua verve, cujo contexto se constitui importante trabalho de resgate do passado de nossa querida Pombal.
     Parabéns, com louvores.
  Prof. Francisco Vieira.
A PEDRA DO SINO, O RIACHO DO BODE E A CAMBOA A PEDRA DO SINO, O RIACHO DO BODE E A CAMBOA Reviewed by Clemildo Brunet on 9/28/2013 04:37:00 PM Rating: 5

Um comentário

JERDIVAN NOBREGA DE ARAUJO disse...

Comentário do Escritor e Prof. Francisco Vieira.

COMENTÁRIO SOBRE ARTIGO DE JERDIVAN NÓBREGA: A PEDRA DO SINO, RIACHO DO BODE E CAMBOA.

Li atentamente seu artigo enfocando três pontos importantes do nosso município que juntos exprimem as riquezas do nosso ecossistema. Além do mais, os locais referidos foram irresistíveis atrativos para as crianças e até mesmo para adultos, que levados pela curiosidade oferecida tornaram-se parte integrante de nossa história.
A propósito, era impossível se conter ante as águas do Rio Piancó nos poços da Camboa, não desafiar a subida íngreme do lajedo do Riacho do Bode, mesmo temendo a passagem nos corredores sombrios das oiticicas que segundo as crendices populares eram “mal assombradas”, principalmente quando acrescentadas nas histórias exageradas de Zé Jó, Inevitável também era não se deleitar ao som da Pedra do Sino. Como era fascinante tocar fortemente a pedra, provavelmente uma rocha de origem vulcânica para ouvir o som metálico semelhante ao toque de um sino gerado pelo choque de suas camadas internas e na santa inocência de menino acreditar que tocando a rocha a vida seria prolongada pelo menos por um ano.
Portanto, mais um maravilhoso texto de sua verve, cujo contexto se constitui importante trabalho de resgate do passado de nossa querida Pombal.
Parabéns, com louvores.
Pombal, 28 de setembro de 2013.

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