Novos tempos velhas práticas
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
Década de 1930 e o Brasil entrava numa
fase de crescimento trabalhista, com a chegada de Getúlio Dorneles Vargas ao
Governo Central o sindicalismo passa a fazer parte do governo, automaticamente
o trabalhismo ganha um ministério recheado de conceitos avançados e o
trabalhador sendo visto como uma peça importante na engrenagem do sistema, sua
valorização passa a ser uma realidade incontestável para as futuras gerações.
Década de 1950 chega ao poder, Juscelino
de Oliveira Kubitschek, aquele que daria um passo gigantesco para a economia
nacional, introduzindo, definitivamente, a indústria em nosso país, com
destaque para a indústria automobilística e
a linha branca e outros aparelhos
elétricos. Nossa mão de obra que antes era forte na zona rural teve elevada
migração para zona urbana, com o Brasil sentindo a possibilidade de vir a ser,
efetivamente, o país do futuro, cantado em prosa e verso pelos quatro cantos do
mundo.
Década de 1970 o país estava sendo
administrado pelo regime militar, de exceção, a democracia era reprimida e os
nosso ídolos trancafiados e incomunicáveis, muitos deles torturados nos
calabouços, quando não mortos pelo torturante e defectível sistema, jogando por
terra todos os avanços democráticos que tínhamos conseguido durante a República
conquistada e desenvolvida pelas cabeças mais brilhantes que tínhamos a
disposição da Democracia brasileira.
Com muita luta e depois de 21 anos o
Brasil volta para sua Democracia e o governo civil assume novamente o comando
do país. Novos tempos e parecia que tínhamos aprendido a lição com as baionetas
e cassetetes, manejados e portados pelos aquartelados que desprezavam as
liberdades com as idas e vindas de uma nação sempre voltada aos direitos
individuais e coletivos.
Depois de um período de acertos e
progressos, com a nação tomando um rumo, definitivamente, ao futuro, soçobramos
em um mar de lama e desalento. Passamos a fazer parte de um país sem presente e
sem perspectivas para o futuro. Em nome de um projeto de governo nosso país foi
relegado ao fracasso, ao descaso e ao descontrole, a maioria dos controladores
do poder central faziam negociatas em troca de sustentação do governo,
verdadeiras quadrilhas foram montadas para extorsão do erário público, o volume
de dinheiro envolvido com as tramoias e falcatruas chegou ao fantástico número
dos bilhões de dólares, uma verdadeira fábula para um povo pobre como o nosso,
que ainda luta pela sobrevivência, em alguns bolsões de miséria que ainda
aflige a nossa terra. Que por absoluta carência material e de valores morais
são levados ao mundo do crime, muitos morrem no tráfico tentando salvar a
própria pele, tentando romper a miséria em que se encontra.
Hoje, os nossos poderes já não se
mostram tão harmônicos, como antes eram, e os conflitos chegam à beira de um
colapso institucional. O Poder Judiciário e o Ministério Público Federal, em
pleno exercício da função, juntamente com a Polícia Federal, entram em rota de
colisão com os demais poderes, pela simples aplicação das Leis e dentro do
ofício. O Poder Legislativo, com tantos componentes sendo denunciado por vários
crimes, o de maior vergonha para o país, o de corrupção ativa e passiva, em
parceria com empresas privadas, dentre elas constam as maiores construtoras do
país, com obra em execução dentro e fora do Brasil.
O Executivo tenta de todas as formas se
manter a margem das contradições vividas por partidos apoiadores do seu governo
e Ministérios. Confesso, diante de tanta sujeira levantada pela justiça e
colaboradores, delatores, fica, deveras, impossível prever-se o final dessa
história, triste e melancólica, para um partido político que assumiu o governo
em nome da probidade administrativa, da retidão e da coerência. Não me lembro
de ter vivido ou lido, uma situação tão constrangedora para um povo que vive
dentro da Democracia, certo é, muita gente confunde liberdade com libertinagem,
temos em nossos dias uma situação de verdadeira libertinagem, tão cruel quanto
desumana.
*Escritor e Poeta
genivaldantas.com
Novos tempos velhas práticas
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/19/2015 06:50:00 PM
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