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Meus bichinhos do mato..

Ignácio Tavares
Que tempo, quanta lida!!!
Que, o quê mais?
Ah, o encanto da natureza,
Quanta abundancia de vidas...
No alto, embaixo, em todo lugar
Sim, das cumeeiras, aos quintais

Era assim, assim mesmo,
Alguma coisa mudou...

Cadê minha rola rolinha?
Caxexa, Branca, Cascavel,
Cadê meu juriti cantante,
Meu tiziu saltitante,
Meu sabiá deslumbrante?

E o meu vistoso canário?
Cinzento e amarelo...
Na cumeeira alegre a cantar,
Qual menestrel da manhã...
E as casacas de couro?
Por favor cantem pra mim....
Cadê, o meu traquino saguim?
Migrou?
Pra onde não sei...

Meu vistoso Galo Campina.
Em que lugar se escondeu?
Qual um cardeal,
Faz chegar distante o cantar,
Ah pássaro Cancão!!!
Cantar agudo, penetrante,
Fique mais um pouquinho,
O seu cantar me acalanta.

Ah, misteriosa Peitica !
No seu canto a esperança,
A chuva vai chegar...
Cadê o vigilante Carão?
Canta Carãozinho...
Seu  cantar traz muita sorte
Rio enche, rio transborda!
Açudes, enchem, sangram...
A relva cobre a terra...

Corre Preá, astuto, fujão
À frente um fojo o espera
Os batateirais agradecem!
Faz sua casa João de Barro...
No nascente há sinal de chuvas!!
O inverno chegou!!!

Uiva Raposa solitária, esperta
O galinheiro apavora-se, agita-se
Seus passos, ninguém escuta
Suas pegadas denunciam,
Valha-me meu Senhor!!!!
Um galo a menos no terreiro.

Que pena, vocês foram embora...
Campo vazio, casas solitárias
As copas sem ninhos,
Como as cumeeiras e quintais
Fojos sem preás,
Terreiros sem raposas.
Festa nos galinheiros!!!!

Tudo era verde, festivo...
Tempos atrás,
Tudo, tudo, acabou-se....
Quem viu jamais esquecerá,
Quem não viu o que vi
Jamais seu olhar verá!!!!
O que está acontecendo?

Não sei... ah sim,...
Pergunte a eles! Sim a eles!
 Sim aos incrédulos...
Só acreditam no que tocam...
Veem mas, não enxergam,
Ingenuamente, põem-se a dizer:
Ora, o planeta terra está muito bem...
Obrigado!!!!

Repetem o mesmo chavão...
Esse discurso de aquecimento global,
Ora, ora, é história pra fazer boi dormir...
E as variações climáticas extremas?
Ah, são ocasionais, nada a ver...
Ah, tudo isso é normalíssimo...
Ah se fosse...
Ah, se fosse!!!!!!!!!!!
João Pessoa, 09 de Janeiro de 2014

Ignácio Tavares
Meus bichinhos do mato.. Meus bichinhos do mato.. Reviewed by Clemildo Brunet on 1/11/2014 06:57:00 AM Rating: 5

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